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Nova data

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O adiamento do Enem, definido pelo Governo, era inevitável não apenas pela pressão da sociedade e do Congresso, que aprovou permissão para uma nova data, mas também pelas próprias circunstâncias. Sem data para acabar, a pandemia jogou todos os prazos na incerteza, e não seria diferente no exame de acesso aos cursos superiores. Ademais, sem as aulas presenciais, a prova, prevista para novembro, criaria um cenário desigual entre os candidatos, pois nem todos têm meios para estudar pela via virtual.

O Governo mantém os prazos de matrículas, o que é um problema menor, pois a questão central era mesmo a preparação. O Enem, que substituiu o antigo vestibular, abriu espaço para populações mais carentes acessarem ao terceiro grau, mas as condições de competição continuam sendo desiguais não só na comparação da escola pública com a privada, mas também na condição de preparação dos candidatos.

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O Brasil, a despeito de todos os avanços tecnológicos, ainda tem um expressivo contingente sem acesso à internet, não apenas pela ineficiência das operadoras em levar seus serviços para determinadas regiões, mas, principalmente, pelos custos do acesso digital. As aulas ministradas pela via virtual não chegam a todos os pré-candidatos, com reflexos diretos na competitividade. O adiamento, pois, era a saída mais em conta, que só ocorreu graças à pressão da sociedade e da própria instância política. O Congresso autorizou – sem poder decidir – o Ministério da Educação a estabelecer uma nova data. Desta forma, ganha-se mais tempo para a preparação dos candidatos.

A alteração nos calendários, mesmo com os transtornos para as universidades, é um dado que já era para ter sido percebido, pois outros setores tiveram que tomar providência semelhante diante da presença da Covid-19. A maior competição esportiva, os Jogos Olímpicos, desde o início do ano, já tinha sua data transferida para 2021; no futebol, a contragosto dos atletas, alguns clubes ensaiam uma volta, mas é cedo para tal retorno. O próprio TSE, que vem segurando ao máximo sua decisão, já admite adiar para novembro ou dezembro as eleições municipais por entender que não há meios de se exercer a cidadania num tempo em que a pandemia se apresenta na fase mais crítica no país. O Brasil já é o terceiro pais entre os mais infectados do mundo, numa perversa estatística que deve servir de referência para a tomada de decisões. O adiamento do Enem, certamente, era uma delas.

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