Já de longa data, mas com contornos mais intensos nos últimos meses, o preço dos derivados do petróleo se tornou a pedra de toque nas relações do Governo com a Petrobras. Seguindo uma política internacional de preços, a estatal ainda não conseguiu cumprir apelos do próprio presidente da República, e especialmente da população, para chegar às bombas um produto mais barato. Se no final do ano passado o preço da gasolina, na casa dos R$ 5, já era considerado um absurdo, perto dos R$ 8 não há explicação plausível para tamanha majoração.
O discurso em torno da variação do dólar levou à queda mais um presidente da estatal, e seu substituto, a despeito de todas as promessas, dificilmente conseguirá mudar a situação. A Petrobras tem o Governo como principal acionista, mas tem uma forte participação do setor privado com suas ações na Bolsa de Valores. É, pois, um desafio agravado com os preços internacionais do petróleo em decorrência da invasão da Ucrânia por tropas russas.
Nesse enredo de aumentos, fala-se bastante dos combustíveis, mas um outro ente econômico segue a mesma lógica: o gás de cozinha, indispensável nos lares, também tem seus preços oscilando em proporções geométricas, e sempre para cima. A Tribuna vem acompanhando o mercado e constata preços de toda sorte. Na periferia, na qual a distribuição é mais precária, ele é ainda é mais alto. Mesmo quando o dólar cai, essa redução – como a da gasolina também – não chega ao consumidor.
O problema de commodities como o petróleo é a consequência de seus custos na economia, sobretudo por induzir uma cadeia de produção que passa por diversas etapas. Quando o combustível aumenta de preço, o reflexo imediato ocorre no escoamento da produção. Mas esta também tem majorações ante os seus processos. A conta final – como sempre – cai no bolso do consumidor.
Investir em fontes renováveis é a proposta mais viável para o planeta, não só em razão da perenidade dos combustíveis fósseis, que um dia irão se esgotar, mas também pelos reflexos ecológicos. A energia limpa é a única opção capaz de reverter o jogo desde que os investimentos sejam ampliados para as pesquisas e para a sua produção.
Os carros elétricos – para ficar nesse exemplo – já são uma realidade, mas a infraestrutura de abastecimento no Brasil ainda é precária, mesmo nos centros urbanos mais avançados. Na Europa, especialmente, é possível ver vários pontos para atendimento espalhados pelas ruas. Há, pois, muito a ser feito, mas é preciso levar tais metas adiante, pois é o futuro cada vez mais próximo e que não pode ser ignorado.