O secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse ontem, durante entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, que até a semana que vem devem estar concluídos os estudos que tratam da terceira etapa do Minas Consciente. Essa nova fase deve mudar substancialmente a adoção de políticas de restrição. As atividades liberadas na onda verde, mesmo numa eventual onda vermelha, estariam liberadas para funcionar, especialmente o comércio.
O secretário não deu detalhes dos estudos, mas as conclusões deixam crer que os representantes do comércio têm razão quando, reiteradamente, enfatizam que o setor não é responsável pelo aumento da contaminação, cuja matriz, de fato, são as aglomerações, muitas delas incentivadas pelo próprio Estado, como a aplicação das provas do Enem em pleno pico da pandemia. Há denúncias de que o necessário distanciamento não foi cumprido em várias regiões do país, com os candidatos tão perto como se dividissem suas cadeiras. A abstenção próxima dos 50% foi emblemática.
Criado para estabelecer uma política única de enfrentamento à pandemia, o Minas Consciente tem pontos positivos, por garantir um discurso único das prefeituras, especialmente aquelas que estão na mesma região, mas, como todo projeto, carece de mudanças. Os protestos de vários segmentos deveriam ter sido avaliados há mais tempo, a fim de garantir a sobrevivência da população e do setor produtivo.
Ademais, como foi dito acima, está claro que as aglomerações são a principal matriz de contaminação e elas ocorreram em festas particulares, eventos de fim de ano, praias liberadas e no transporte, que nem sempre tem meios de garantir o isolamento dos usuários.
Juiz de Fora é a maior cidade engajada no programa, uma vez que Belo Horizonte, a capital, e Uberlândia têm políticas próprias, que ganharão, nesta sexta-feira, a adesão de Governador Valadares. A permanência, porém, não é o nó górdio, sobretudo após a terceira etapa. A questão, agora, é conferir essa proposta, pois é necessário, antes de tudo, garantir a segurança da população ante a fase mais crítica da pandemia, o que não implica comprometer os segmentos que também querem sobreviver por meio de seu trabalho.
O ponto de partida para a grande virada é a implantação das vacinas, o que virou um problema criado pelas próprias instâncias de poder. Embora seja o segundo país com o maior número de óbitos, o país não se preparou logisticamente para atender tamanha demanda. Agora, o que se vê, de novo, são ações improvisadas forjadas num desnecessário jogo político para resolver o impasse.