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Regras do jogo

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A Lei de Proteção de Dados impede que a própria Justiça Eleitoral divulgue o domicílio eleitoral dos candidatos, por ser considerada um dado pessoal, mas é possível inferir que Juiz de Fora terá um número recorde de candidatos a deputado federal e a deputado estadual de acordo com levantamento feito pelo repórter Renato Salles e publicado nesta edição.

Num primeiro ensaio, a Tribuna encontrou 80 postulantes, mas essa relação pode ser maior ainda ante cruzamentos feitos pelo próprio jornal. São muitas as variáveis que podem provocar distorções – como a digitação errada do nome dos candidatos ou mudança na acentuação –, mas nada afasta o ponto central: o colégio eleitoral de Juiz de Fora, próximo dos 500 mil inscritos, deve registrar em torno de 90 nomes para disputar o pleito.

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Como já foi dito neste mesmo espaço, nem todos entram para ganhar, mas para obter visibilidade para pleitos futuros, como câmaras municipais; outros estão no jogo apenas para cumprir tabela, ou ainda pela necessidade de preencher a chapa, de acordo com o percentual obrigatório definido em lei. O ministro Alexandre de Moraes, um dia após ter sido empossado presidente do Tribuna Superior Eleitoral, já avisou que partidos que utilizarem candidatas laranjas “terão sério prejuízo”, numa alusão a episódios de 2018, quando diversas legendas, para cumprir a cota de candidaturas femininas, registraram nomes que sequer sabiam que estavam na lista para buscar uma vaga na Câmara Federal ou na Assembleia.

No caso de Juiz de Fora, o ponto principal são as consequências de tantos nomes dentro do mesmo colégio eleitoral. Se com menos postulantes foram raros os eleitos exclusivamente com os votos da cidade, ante um cenário tão pulverizado, certamente, haverá danos a alguns projetos.

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É vital destacar que todos têm o legítimo direito de postular um mandato, mas há, por outro lado, princípios que devem ser levados em conta pelos próprios partidos. Um deles é o da razoabilidade. Quando preenchem suas vagas unicamente por conta da legislação, estão prestando um desserviço à própria cidade, que poderia ter uma representação mais expressiva nos parlamentos com um número menor de candidatos.

Durante anos, discutiu-se a importância de o município eleger o maior número de candidatos, mas as próprias regras eleitorais são perversas, assim como a lógica política. São exceções os candidatos a deputado estadual que apoiam um colega da própria cidade que tenta um mandato federal; e a recíproca é verdadeira. Pela falta de espaço, os políticos buscam outros territórios, e aí se instala o toma lá, dá cá: você me apoia em sua base eleitoral, e eu apoio você na minha.

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Propostas como o voto distrital resolveriam parte do problema, já que – como nos pleitos municipais – a disputa seria num território mais restrito. Hoje os políticos podem garimpar votos em todos os 853 municípios. Tal regra, no entanto, foi rejeitada pelo próprio Congresso, numa reforma que nunca saiu do papel.

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