Ainda repercutindo a entrevista do presidente da Associação Mineira de Municípios, Julvan Lacerda, ao Grupo Solar de Comunicação, a vida das lideranças executivas, em todas as instâncias de poder, tornou-se um desafio imensurável ante o surgimento da pandemia do coronavírus. Diariamente, especialmente os prefeitos, são cobrados a tomar medidas que ganham sentido pendular: ora a favor de mais restrições, para garantir o isolamento, ora para flexibilizar os serviços, já sufocados por estarem há meses com suas atividades paralisadas.
Na última quinta-feira, o governador Romeu Zema admitiu que o avanço da Covid-19 no Estado é preocupante e não afastou, sequer, a possibilidade de medidas mais duras para garantir a sua contenção. Entre elas, poderia ser adotado até mesmo o lockdown – a decisão mais aguda – sem, no entanto, especificar como ele seria implementado. Pelo menos 101 municípios estariam sob avaliação.
Um dos problemas está na própria competência ressaltada pelo Supremo Tribunal Federal, que garantiu aos entes federados alguma autonomia na tomada de decisão. Por isso, é possível ver a União, estados e municípios caminhando em rumos diferentes, criando um cenário desordenado que se explicita nas ruas. Há aglomerações fruto da ineficiência dos governos, sobretudo nos transportes e bancos, e há multidões perambulando pelas vias, mesmo com boa parte do comércio fechada.
A falta de coordenação se mostra, também, nas idas e vindas de algumas decisões. Fora do Minas Consciente, Belo Horizonte vive com um pé no acelerador e outra no freio. A capital jogou duro no início da pandemia, reabriu o comércio e agora está empacada, sem saber quando avançar. Os números de infecção voltaram a crescer.
Em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas, um dos poucos das grandes cidades a aderirem ao Minas Consciente, tem seguido o programa estadual, o que lhe tem custado críticas, mas não dá sinais de arredar o pé, sob o argumento de a crise ainda não ter chegado ao seu ponto crítico.
Entre a cruz e a espada, só o tempo dirá quem está certo, embora, mesmo diante de impasses, seja necessário o diálogo permanente entre as instituições, a fim de se buscar um norte comum, no qual todos ganhem.