A agressão contra o cinegrafista Robson Panzera, da TV Integração, afiliada da Rede Globo, de Barbacena, é um sinal dos tempos de intolerância que têm perpassado a vida nacional. O jornalista, no exercício de sua atividade profissional, foi vítima de um agressor que usou o discurso raso de não aguentar mais más notícias para execução do gesto. Como tem sido comum, o carteiro tem pagado a conta pela mensagem. O que a mídia faz é retratar o que ora ocorre no país, servindo de antídoto contra as fake news, que, de modo deliberado, constroem narrativas distanciadas da realidade.
A Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt), em sua nota de repúdio, lembrou que o número de agressões contra profissionais de imprensa subiu para 54,07% de 2018 para 2019, sendo o Sudeste a região com mais casos registrados, conforme pesquisa divulgada neste ano pela Federação Nacional de Jornalistas.
Também nesta semana, pelas redes sociais, várias postagens tentaram desqualificar o trabalho fotográfico do jornalista Leonardo Costa, da Tribuna, sob o argumento de ser uma fotomontagem a cobertura de uma aglomeração na Rua Halfeld. O argumento foi risível, e a verdade foi reposta pelo próprio profissional ao destacar a qualidade dos novos equipamentos e, sobretudo, a sua perícia pessoal em executar o trabalho. O autor da postagem sequer utilizou o contraditório, uma das máximas da comunicação, por exigir ouvir o outro lado antes de se propagar a informação.
São tempos estranhos que devem ser acompanhados com serenidade, mas com firmeza, pois as democracias só sobrevivem diante de uma imprensa livre. Pode-se discordar do trabalho, pois é do jogo, mas há limites, sobretudo quando estes são rompidos e transformados em agressões. Para tanto, o recurso à Justiça é o caminho adequado quando o bom senso sai da discussão. A cena de ontem e a tentativa de desqualificar o trabalho do repórter da TM não fazem parte do processo, mas consolidam a máxima que aponta ser a injúria a razão dos que não têm razão.