A Tribuna do último domingo mostrou como os mananciais de Juiz de Fora têm sido tratados. As represas João Penido, São Pedro e Chapéu D’Uvas, que abastecem toda a população da cidade, estão sendo usadas para práticas esportivas e de lazer sem controle, o que pode trazer riscos, principalmente para as gerações futuras, já que a água é um bem precioso e finito. A informação é lembrada na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, celebrado neste 22 de março. O problema maior se deve às leis ultrapassadas, das décadas de 1970 e 1980, que não receberam sequer regulamentação, ficando sem efeito. Desta maneira, os órgãos que poderiam punir algum tipo de abuso, aplicando multas aos infratores, por exemplo, dizem estar de mãos atadas. Sabemos das dificuldades de se manter o distanciamento da população em represas que estão na mancha urbana, mas é preciso lembrar a crise hídrica, que atingiu várias cidades do país, e também Juiz de Fora, em anos anteriores.
Como ressaltou o especialista ouvido na reportagem da Tribuna de domingo, a já assoreada Represa de São Pedro, por exemplo, foi palco de atividades esportivas recentemente, e uma das consequências de uma ação como esta pode ser a de movimentar metais pesados e outros componentes que estavam sedimentados no fundo do lago e que são prejudiciais à saúde humana. Não se trata aqui de questionar apenas o fato de um grupo de pessoas ter feito uso do lago para natação, trata-se de pensar em promoções de novas atitudes diante da preservação de nossos mananciais. A própria Agência Nacional das Águas (ANA) vem chamando a atenção para o problema da qualidade das nossas águas, com relatórios que ano após ano mostram como ela vem caindo, principalmente em regiões onde há concentração populacional.
A poluição e a degradação dos nossos mananciais, portanto, devem ser preocupações de todos. O desvio do uso destas represas não deve ser pensado como inofensivo, sem que isso possa trazer consequências, afinal, o mito da água em abundância já caiu por terra há muito tempo no país. As áreas destes mananciais devem ser, sim, alvo de atenção específica e eficaz, e só se consegue isso com políticas governamentais. Sabe-se que a água é um bem público, comum de um povo, portanto deve ser compartilhada para interesses coletivos de toda a população. Sendo assim, torna-se importante criar projetos e uma legislação protecionista para os mananciais, mas nesse caso percebemos leniência de várias instituições e da esfera pública.