Na quarta posição entre as cidades com maior número de eleitores em Minas, Juiz de Fora saiu na frente no número de novos inscritos, num percentual acima da média nacional. O número de títulos habilitados cresceu 5,12% no município, confirmando, ainda, um dado recorrente: as mulheres continuam sendo maioria, que se repete também no estado e no país. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, 156.454.011 eleitores brasileiros estão aptos a irem às urnas de outubro para escolha dos futuros ocupantes dos cargos de presidente, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais, além dos vices ou suplentes nos postos majoritários.
A estratificação dos números do TSE aponta não apenas as mulheres, mas também o crescimento de outras faixas. Os jovens tiveram um desempenho notável na reta final de inscrições, fruto da mobilização nas redes sociais. Embora acima de 70 anos não sejam obrigados a votar, os idosos também se manifestaram com a confirmação de seus títulos. A maioria dos eleitores – 80,12% – já possui habilitação para a biometria, o que corresponde a 335.066 pessoas no município.
A formatação dos colégios eleitorais deve servir de referência não apenas para os candidatos, mas para os políticos de modo geral, pois é indicadora de ações que precisam ser implementadas. No caso dos jovens, a adoção de políticas que garantam a sua empregabilidade deve ser uma agenda constante, o que passa, necessariamente, pela sua qualificação. O acesso às escolas e novas tecnologias deve ser prioridade para preparação dos gestores do futuro. Um dos desafios é otimizar o mercado de trabalho para as novas gerações.
Na outra ponta, quando investem no processo de votação, mesmo não sendo obrigados, os idosos acima de 70 anos também demonstram a sua preocupação e advertem aos agentes públicos para os processos de cuidado envolvendo a terceira idade. Há, é fato, uma série de programas, mas o país está longe de chegar ao patamar adequado. O idoso ainda é visto como um estorvo não apenas no mercado de trabalho, mas também dentro do próprio lar. Frequentemente, a Tribuna tem registrado ocorrências nas quais são vítimas de violência física e psicológica, embora, em um expressivo número, sejam os gestores financeiros das famílias.
Os dados do TSE, pois, são emblemáticos, por apontarem o rejuvenescimento do eleitorado e a predominância das mulheres. Nesse aspecto, há um paradoxo. Apesar de serem maioria da população e nas listas de eleitores, tais números não traduzem a formação das câmaras legislativas. Do Congresso Nacional aos legislativos municipais, passando pelas assembleias, as mulheres continuam sendo minoria. Em Juiz de Fora, somente no pleito de 2020, houve um aumento expressivo de vereadoras na Câmara, mas bem aquém da proporção de eleitores registrados.
As explicações são muitas, a começar pelo volume de trabalho que é consumido no emprego e em casa – o chamado terceiro turno -, que inibe a dedicação exclusiva à política. Mas há também a resistência dos próprios partidos que raramente têm uma mulher na presidência de suas executivas. Há um longo caminho a ser percorrido. No Congresso – como também já foi dito aqui -, está nas gavetas um projeto que estabelece um determinado número de cadeiras para as mulheres. Este, no entanto, deliberadamente, não avança.