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Risco permanente

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A ocupação de espaço nas metrópoles está cada vez mais complicada, sendo a acessibilidade um dos principais desafios das autoridades do trânsito. O número de veículos – carros e motos – tem crescido em proporções geométricas, enquanto a abertura de acessos não avança, sobretudo pela própria topografia das cidades. Em Juiz de Fora, por exemplo, não há meios de uma nova via na área central. Até mesmo a facilitação do trânsito, com a implantação de mão única, mostra-se problemática ante a falta de opção para absorver a demanda. A Rua São Mateus, no bairro que tem o mesmo nome, é o caso mais emblemático: tem um intenso fluxo de veículos, principalmente no horário escolar, mas não tem alternativa, uma vez que a adoção de mão única implica, necessariamente, na implantação de uma alternativa para o outro fluxo.

Mas a questão não se esgota no movimento de ir e vir. Há os seus personagens. Pedestres, motoristas e pilotos de moto têm uma convivência complicada, pois entendem que a eles cabe a prioridade. Ao atravessar a rua, o pedestre entende que o trânsito deve parar, mesmo em pontos sem sinais; ao dirigir, o motorista vê no “motoqueiro” um concorrente e no pedestre, um estorvo. O usuário de moto se sente no direito de se posicionar à frente dos carros, passar pelo meio do fluxo e ainda questionar o pedestre desatento.

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Esse mix de problemas resulta em caos. Com uma das maiores frotas de Minas, Juiz de Fora tem números alarmantes quando se trata de acidentes com motocicletas. Como a Tribuna destaca nesta edição, a média é de três casos. A repercussão dessas ocorrências é grave para a saúde pública em razão dos seus custos e das consequências para os próprios acidentados. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o tratamento não é barato e tem impacto direto em outras demandas que chegam diariamente aos hospitais.

A solução é outra pedra no sapato dos especialistas, sobretudo pela fragilidade da própria legislação. O Código Nacional de Trânsito não considera infração o tráfego de motos por entre os carros, mesmo ante o risco que impõe aos próprios motociclistas. O legislador deveria considerar essa possibilidade somente quando o trânsito estiver parado. Em movimento, não. Por isso, a alternativa é investir com mais intensidade em campanhas de esclarecimento, próprias para dizer aos personagens do trânsito que é possível a convivência, desde que haja bom senso e compreensão de que o uso das ruas e avenidas não se trata de uma disputa.

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