No final de sua terceira passagem pelo Ministério dos Transportes, o ministro Alfredo Nascimento veio a Juiz de Fora, em 2011, para o lançamento das obras da BR-440, projeto traçado ainda no período de administração Mello Reis (1977/1982), com a expectativa de conclusão em médio prazo. Foi um evento às margens do Córrego São Pedro, perto do cruzamento da Avenida Pedro Henrique Krambeck com a Rua Roberto Stiegert, num lote hoje ocupado por um condomínio habitacional e um supermercado. Foi um evento clássico, com discursos e promessas de mudanças profundas na mobilidade da Cidade Alta, que já enfrentava seus primeiros problemas.
Dez anos se passaram, e a rodovia continua sem ser finalizada.
Sofreu toda sorte de embargo: desde pendências ambientais até denúncias de sobrepreço no projeto. O Tribunal de Contas da União é a última instância para resolver os muitos impasses, mas, como a Tribuna mostrou na edição de domingo, não há data para uma decisão de mérito. Enquanto isso, permanece o drama dos moradores do entorno e a expectativa dos usuários da rodovia, hoje, além de inacabada, com vários pontos que carecem de recuperação.
Esse, aliás, é um dos problemas de projetos que ficam à mercê de chuva e sol em decorrência das paralisações definidas pela Justiça ou pela burocracia: os equipamentos ficam comprometidos pela ação do tempo, e os custos de conclusão acabam sendo alterados para sua recuperação.
Não há, sequer, consenso sobre a vocação da via. Na sua concepção, dentro do Programa de Desenvolvimento da Cidade Alta, ela faria a ligação entre a BR-040 e a BR-267 – uma extensão da Avenida Brasil. Para tanto, cortaria os bairros de São Pedro, Casablanca, Borboleta, Vale do Ipê e Democrata, chegando até a entrada de Santa Terezinha. Pelo projeto original, esse traçado era possível, já que o adensamento geográfico estava apenas na fase inicial. Tal proposta foi vencida pelo tempo e pela gentrificação. A saída foi reduzir o percurso, hoje previsto para terminar na entrada do Bairro Casablanca. O novo corredor serviria para reduzir o impacto do trânsito da Avenida Costa e Silva. A Tribuna já mostrou projetos anteriores da Settra com essa previsão.
Num cenário de crise econômica, não se sabe quando as obras serão retomadas, mas a instância política pode prestar um bom serviço se, pelo menos, cobrasse uma informação mais precisa da burocracia de Brasília. Hoje, as respostas são dadas apenas por meio de notas rasas. Os parlamentares, usando de suas prerrogativas, poderiam pedir detalhes dos processos e se há algum tipo de previsão para seu encerramento. O silêncio em torno da obra tornou-se uma angústia que se renova a cada ano. Dez deles já se passaram.