Uma declaração do governador Romeu Zema a uma emissora de rádio de Uberaba, demonstrando um eventual apoio à cidade no processo de instalação da Heineken, acendeu a discussão regional em torno do projeto. Houve críticas ante o fato de o chefe do Executivo não se manter neutro na discussão, quando vários (e apenas) municípios mineiros tentam convencer os executivos da empresa da viabilidade de suas regiões.
É fato que a fala do governador chama a atenção, mas empresas de tal porte se movem mais por número do que por preferências. A definição do local, que deve ocorrer nos próximos dois meses, terá como referência uma série de fatores, sobretudo água, que garantam a eficácia do projeto. A região já fez seus pleitos à diretoria da cervejaria. Agora é preciso esperar os resultados.
A Zona da Mata, e não é de hoje, tem ficado à margem de vários empreendimentos, ora por falta do respaldo político, ora por inação de suas próprias lideranças. Quando comandava o vizinho Rio de Janeiro, a então governadora Rosinha Garotinho desidratou a região ao tirar de Minas várias indústrias sob a promessa de incentivos fiscais de grande monta. Houve quem se arrependesse, mas a maioria não voltou. Às margens da BR-040, logo após a divisa com o Rio, é possível ver diversas indústrias que apenas atravessaram a divisa para implantar suas unidades de produção.
Vindo ou não a cervejaria, a semente foi lançada quando vários municípios e lideranças empresariais se uniram para apresentar uma carta de interesses. A tão esperada unidade apresentada no pleito em torno da cervejaria não deve ser vista como um movimento isolado. Se faz necessário insistir em tal sintonia, a fim de garantir que outros projetos olhem para a região com mais interesse.
E não se trata de uma ação integrada em busca apenas de novos empreendimentos, mas também para manutenção ou implementação dos negócios aqui instalados. No início da semana, o Estado anunciou vários lotes de rodovias estaduais que poderiam passar para a iniciativa privada, por meio de concessões, para garantir maior eficiência em sua mobilidade. O Triângulo Mineiro teve o maior lote. A Zona da Mata não foi contemplada.
Em anos de eleição, os discursos em torno dos interesses de cada região se apresentam com maior intensidade. A fala do governador em Uberaba pode ter sido um desses momentos. Como tem agenda em Juiz de Fora na semana que começa, é provável que dê uma nova versão sobre o fato, mas nada que signifique alterações nos planos da cervejaria. Ela sempre terá a palavra final.