Instituído pela Constituição de 1988 e regulamentado dois anos depois, o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma referência mundial, tendo mudado o modelo de assistência médica no país, garantindo o acesso dos segmentos mais carentes a atendimentos que até então estavam longe de seu alcance. Sua concepção foi exportada para diversos países, inclusive do primeiro mundo, por conta do seu viés universal.
Na pandemia, sua eficiência foi vital para o enfrentamento à contaminação do coronavírus, sobretudo por impor à União, aos estados e aos municípios o atendimento à população que se consolida, numa segunda etapa com o processo de imunização.
É fato que há problemas, e o sistema precisa de ajustes, sobretudo na sua gestão, pois seu conceito foi uma virada nas políticas públicas de saúde. O SUS chega a todos os pontos do país, mas, de novo por conta da forma como é administrado, ainda carece de projetos para ampliar as esferas de atendimento.
Na edição deste domingo, a Tribuna aborda aspectos do sistema, mas enfatiza uma de suas pontas ao destacar a ação dos vacinadores e as estruturas logísticas que dão respaldo ao seu trabalho. Para um país com mais de 200 milhões de habitantes e com a missão de a todos imunizar, tais personagens, como mostra a reportagem de Carolina Leonel, são fundamentais.
Numa jornada sem fim, acumulam experiências de outras imunizações, pois o país é um dos campeões em vacinação. O enfrentamento à pandemia, no entanto, lhes impôs novos desafios, pois, a despeito de estarem na linha de frente, também estavam na escala de risco. E muitos pereceram.
Os depoimentos colhidos pela reportagem são emblemáticos, principalmente porque mostram a abnegação de tais profissionais que fazem do trabalho um sacerdócio. Imunizar é mais importante do que ser imunizado, como contam alguns, assim como apontam os desafios a serem enfrentados. Apesar dos avanços, o país ainda precisa se aprimorar no enfrentamento à Covid, por tratar-se de uma contaminação que ainda não foi vencida. A ciência, mesmo com o avanço em prazo recorde, ainda não definiu um norte para a virada definitiva do jogo.
Como exemplo, parte da população já está recebendo doses de reforço, o que aponta que a outra parcela, no seu devido tempo, também deverá passar pelo mesmo processo até que a tão esperada imunidade de rebanho seja uma realidade.
Os vacinadores, no entanto, consideram que a imunização chegará a um ponto que seguirá o curso de outras endemias, carecendo de vacinação frequente. E de novo lá estarão eles, cumprindo a sua missão.