A frente fria que chega a Juiz de Fora, jogando a temperatura para a casa de um dígito, especialmente pela manhã, é o prenúncio de um inverno mais rigoroso cujas implicações ocorrem em diversas áreas. A Prefeitura montou uma estrutura de atendimento à população de rua; várias entidades privadas também efetivam projetos de acolhimento, muitos deles durante todo o ano, como café da manhã para os mais carentes. Aos idosos também deve ser dedicado um acompanhamento especial pelo risco de complicações resultantes de doenças pulmonares.
Na economia, a queda brusca de temperatura tem reflexos imediatos na produção, especialmente de hortaliças, o que deve elevar ainda mais os preços, já bastante comprometidos pela inflação. Os produtores do setor de leite também enfrentarão dificuldades: a pastagem fica queimada e o gado se vê privado de uma fonte importante para produção. Nesse caso, também os preços chegam majorados à mesa do consumidor final, que sempre paga a conta ante tantas intercorrências.
Os institutos indicam que o inverno de 2022 será um dos mais intensos e a justificativa está na mudança climática que vem se acentuando nos últimos 30 anos. O acompanhamento mostra uma reação drástica da natureza ante a ação, ou inação, do homem. O descumprimento de projetos ambientais é fonte primária desse processo. Se, no Hemisfério Sul, as baixas temperaturas chamam a atenção, acima da linha do Equador, os termômetros também estão no limite. Em algumas regiões, as temperaturas estão acima dos 50 graus, com implicações semelhantes tanto na saúde quanto na economia.
O grave desse enredo é a insistência global em rejeitar medidas de proteção da natureza. Acordos são assinados, mas o seu cumprimento é um desafio constante, bastando ver, por exemplo, o que foi assinado em Kioto. O protocolo firmado no Japão, em 1997, é um tratado com a finalidade de alertar para o aumento do efeito estufa e do aquecimento global. Seus signatários se comprometeram com a redução de gases lançados na atmosfera, mas, entre o que foi discutido, votado e assinado e a realidade, 25 anos depois, há uma diferença abissal.
O Brasil – e com razão – tem sido cobrado a tomar providências mais drásticas para proteger a Amazônia, mas uma expressiva parcela dos países que exigem tais medidas não faz a sua parte, sobretudo na emissão de gases. E, nesse rol, estão as chamadas grandes potências.
O que ora ocorre, pois, é apenas uma reação da natureza, que cobra a conta pelo descaso humano. Chegará um momento em que esse desequilíbrio será um caminho sem volta.