A audiência pública prevista para o dia 29, na Câmara Municipal, tendo o comércio ambulante como pauta, será emblemática para avaliação não apenas da primeira semana em que os camelôs da Avenida Getúlio Vargas foram transferidos para a Praça do Riachuelo, mas também para as futuras medidas previstas no projeto de reformatação do Centro da cidade anunciado pela Prefeitura. Trata-se de um grande desafio, sobretudo por conta da inação de outras administrações, que adiaram uma discussão mais profunda sobre a questão.
É prematuro fazer qualquer análise da mudança de endereço, por esta ter acontecido ainda esta semana, mas é possível considerar que a Getúlio Vargas tem uma cara totalmente nova sem as barracas que entulhavam as calçadas e comprometiam a mobilidade dos pedestres. Ademais, como destacou a prefeita Margarida Salomão, em nota ao colunista Cesar Romero, da Tribuna, está sendo feita “uma grande operação de reorganização do comércio no Centro da cidade, inclusive formalizando os comerciantes de rua como MEIs. Estamos confiantes de que, com a participação de todo mundo, construiremos um convívio mais conveniente e civilizado nas ruas centrais. Vamos dar um jeito nisso”, concluiu.
Dois pontos chamaram a atenção. A determinação da prefeita em mudar o cenário da área central, hoje, com várias ruas comprometidas, e a importância de uma discussão coletiva para a busca de alternativas. A mensagem à Câmara, fruto de conversa com vários segmentos, e a audiência são peças fundamentais nesse processo, pois a cidade precisa discutir coletivamente os seus desafios. À Prefeitura cabe dar o primeiro passo, com a definição de projetos, pois há muito tempo se fala de mudanças, mas não havia iniciativas nem propostas no papel para uma tomada de decisão.
Com o passar do tempo, aguçada pela pandemia, a situação se agravou. Além da Getúlio Vargas, outras vias ficaram repletas de ambulantes, a maioria deles sem qualquer regulamentação, e muitos foram levados às ruas para garantir a sobrevivência após o desemprego. Por isso, não basta uma decisão unilateral quando o problema é coletivo.
A crítica pela crítica não se sustenta. Quando o tema passa por discussões do Governo com as partes envolvidas e a Câmara chama os demais atores para avaliar as medidas em curso, a solução torna-se mais fácil, bastando ver o exemplo da desocupação da Getúlio Vargas. Várias tentativas já foram feitas, algumas delas à base do big stick, sem sucesso. Conversar, pois, é preciso. E, a partir daí, agir.