Nas sístoles e nas diástoles da política, dois movimentos foram marcantes nos últimos anos: em 2013, quando Dilma Rousseff era presidente da República, milhares de pessoas foram às ruas pelo país afora pregando mudanças e ações duras de combate à corrupção. Havia uma insatisfação generalizada que se apresentou acima do viés partidário ou ideológico, mas que acabou sendo a gênesis do que viria à frente. A principal foi a polarização ideológica intensificada em 2018, que levou o deputado Jair Bolsonaro à Presidência da República. O voto anti PT também pesou no resultado.
As urnas de 2020 falaram diferente. O eleitor deu mostras de estar saturado da polarização, que dividiu famílias e amigos, no embate do nós contra eles que pouco ou nada contribuiu para a implementação de políticas públicas de interesse coletivo. Ao contrário, a divisão ampliou as dificuldades reforçadas pelo viés ideológico. Na pandemia, a resistência de alguns segmentos contribuiu para os altos índices de contaminação no país.
Essa situação não mudou, bastando ver os recentes números da pandemia, mas os eleitores não entraram nesse discurso extremista, e quem tentou nacionalizar a campanha acabou sendo penalizado. Em Juiz de Fora, os dois finalistas, a despeito de posturas ideológicas distintas, deram ênfase às causas municipais, que influem diretamente na vida dos eleitores. Em outras regiões, especialmente nas capitais, o aviso também foi dado. Candidatos ligados aos extremos ficaram fora do segundo turno ou, se conseguiram, bem atrás de seus oponentes.
O segundo turno é uma nova eleição, sobretudo pelo papel a ser desempenhado por aqueles que ficaram pelo caminho. A candidata Ione Barbosa, ao ser ouvida pela Rádio CBN, disse que até amanhã vai se posicionar, mas não deu pistas, optando pelo discurso politicamente correto de desejar boa sorte aos dois finalistas. Os demais também estão esperando conversas, o que é próprio da política. No entanto, o tempo é curto.
Numa campanha de tiro curto, qualquer erro é fatal, o que levará os candidatos a terem a atenção redobrada no discurso e nas articulações. A escolha de parceiros é estratégica, quando se sabe que nem todos agregam votos e acabam virando uma dor de cabeça para a própria campanha ou para o próprio mandato em caso de vitória.