A pandemia do coronavírus, que na Europa passa por uma preocupante segunda onda, exigindo medidas drásticas dos governos, é um dos principais desafios dos gestores públicos e ficará como herança para os próximos administradores municipais, a serem eleitos no pleito de novembro. Sem a vacina, as medidas de enfrentamento deverão continuar em níveis extremos, para evitar esse refluxo, que joga o primeiro mundo no ponto zero.
No entendimento dos especialistas, controlar uma possível nova onda da Covid-19 será um dos maiores desafios da nova gestão. O subsecretário de Saúde, Clorivaldo Corrêa, destaca que “o monitoramento de dados epidemiológicos e o acompanhamento técnico, além de infraestrutura da rede, serão as principais balizas para controle da pandemia”.
O tema ainda não chegou aos palanques em decorrência, talvez, da ausência do prefeito Antônio Almas na corrida eleitoral. Ele seria o alvo preferencial dos adversários, sobretudo em torno das decisões tomadas para combater a doença. Em cenários como esse, não dá para jogar para a arquibancada, mesmo com reflexos na popularidade.
O próximo prefeito ou prefeita terá que estar apto a manter o enfrentamento, uma vez que, mesmo com o advento da esperada vacina, ainda haverá um longo percurso até se chegar a uma imunização de rebanho. Por isso, é fundamental que todos os candidatos tenham estratégias para essa demanda.
Na edição deste domingo, dentro da série Voto & Cidadania, a Tribuna aborda a saúde, por considerá-la o nó górdio dos governos num cenário de baixo financiamento. Em Juiz de Fora, como destaca a repórter Carolina Leonel, dados da Secretaria de Saúde indicam que “houve incremento de quase 70% de leitos de Unidade de Terapia Intensiva destinados a pacientes vítimas da Covid-19. De 108 leitos de cuidados intensivos vocacionados para o tratamento da doença em março, o número subiu para 183 até o fim de setembro. Por outro lado, a maior parte de procedimentos eletivos, considerados não urgentes, ainda está suspensa no município e sem data definida para ser retomada. Nesse sentido, o desafio que se coloca à frente de quem assumirá a Prefeitura de Juiz de Fora em 2021 passa por medidas de controle à pandemia, mas que também garantam assistência em demais áreas da saúde”.
Como o coronavírus é apenas uma das pontas das demandas da saúde, já que outras doenças continuam exigindo atenção, investir na atenção primária tornou-se uma necessidade de ampla prioridade, a fim de evitar a progressão dos casos. Um exemplo: quando se trata um hipertenso na instância inicial, evita-se um infarto, que levaria o atendimento para outro patamar, gerando mais custos para o sistema.
A cidade precisa manter a performance na saúde, que faz dela uma referência, bastando ver o fluxo de pacientes de outras regiões e até de outros estados. O desafio para garantir tal desempenho, também no serviço público, é um dado permanente.