O ministro da Segurança, Raul Jungmann, ao abordar as investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ainda não concluídas, antecipou que todos os indícios apontam para a milícia. Não disse mais, justificando ser o máximo que poderia falar sobre o assunto para não comprometer o trabalho dos investigadores. Mas sua fala foi suficiente para apontar para o estado paralelo que se estabeleceu no Rio de Janeiro, com extensão para outras metrópoles sem que o Estado oficial reaja à altura.
No Rio, a situação é mais crítica por ser a cidade partida em vários pedaços. Em alguns, quem comanda é a milícia, mas em outros é o tráfico quem dá as cartas. No meio disso, uma sociedade chantageada, que paga por serviços que não lhe são prestados e se vê acuada dentro de casa. Sair à noite tornou-se uma aventura para poucos ante os riscos provocados pela violência.
A intervenção já passa de dois meses, mas ainda não é possível avaliar as suas consequências. Nos demais estados, o cenário é de expectativa, pois o aparelho de segurança continua sem meios para agir ante a fragilidade dos equipamentos e da capacidade de mobilização do crime organizado.
São muitos os desafios que se ampliaram pela própria leniência oficial. Só agora são tomadas providências mais agudas para enfrentar o crime organizado, e o desorganizado também, num processo que não se resolve de uma hora para outra.
Os candidatos à Presidência e aos governos estaduais devem ser convidados a expor suas ideias sobre o tema, pois a violência tornou-se uma questão que se alastrou pelo país afora, contemplando até mesmo regiões durante anos blindadas contra o crime.