A pandemia do coronavírus abre margem para discussões de toda ordem a despeito do rumo comum na busca de soluções. Alguns setores entendem que o vírus deve ser contido por etapas, a fim de evitar picos e estabelecer a contaminação ao longo do ano. Outros entendem que é fundamental a adoção de medidas drásticas, antes que a situação saia de controle, como na Itália, onde as autoridades sanitárias demoraram em demasia para tomar as primeiras providências. A inação levou o país ao segundo lugar de contaminação, atrás apenas da China, cuja curva está na descendente.
Discussões à parte, a tomada de medidas é necessária, a fim de evitar o alargamento da contaminação e sua repercussão direta em vários setores, especialmente na economia, cujos índices já estão em queda. Ressalte-se, porém, não se tratar de uma questão localizada apenas no Brasil. Os números estão ruins em todo o mundo. A diferença estará no modo como o problema será enfrentado. O ministro Paulo Guedes apresentou propostas que estão aquém do esperado, mas o próprio presidente Jair Bolsonaro disse que há uma histeria em torno do problema, alertando que o setor informal será o mais prejudicado.
Há problemas na declaração, mas não completamente. A histeria ocorre diante do medo de não se encontrar estrutura para o enfrentamento da doença. Há, é fato, os que se aproveitam de tais momentos para tirar vantagens, como aqueles que especulam, por exemplo, com o álcool em gel, fazendo estoques para vender mais caro, ou os que distribuem notícias falsas para algum tipo de proveito, mas não dá para minimizar os riscos.
O presidente, no entanto, tem razão quando alerta para o setor informal, que não deve ser alcançado pelas medidas do Governo, como adiamento do pagamento de tributos e outras concessões. Com os negócios em queda e sem os benefícios do Estado, esse segmento terá sérias dificuldades para fechar o mês. Então, que se busquem alternativas para também envolvê-los na lista dos beneficiados. A preocupação se estende também aos serviços, que serão um dos mais impactados com a crise.
No âmbito privado, não dá para transigir com a situação. As empresas terão que adotar medidas internas para reduzir os riscos. Em tempos digitais, o modelo home office deve ser incrementado, a fim de diminuir o fluxo de pessoas em um mesmo local. O cancelamento, ou o adiamento de eventos, a despeito de eventuais prejuízos, é uma ação necessária, pois mais vale prevenir do que remediar.
Além disso, a despeito da criatividade imputada ao brasileiro, não dá para brincar com a doença, o que é bem típico no mundo digital. Há piadinhas que revelam o desconhecimento da extensão do problema. O dano, porém, é a sua consequência. Podem até induzir ao riso e reduzir tensão, mas em nada contribuem para o enfrentamento, que deve ocorrer em todas as frentes.