A assinatura do termo de transferência do terreno e dos equipamentos do Hospital Regional, realizada na última terça-feira, em Belo Horizonte, pela prefeita Margarida Salomão, encerra uma importante etapa no processo de construção do hospital, cuja conclusão só deve ocorrer a partir de 2023, e entrega, um pouco mais adiante, por conta de sua complexidade. O documento foi uma espécie de encontro de contas, já que, ao fazer a cessão, o Município também se isenta de uma dívida de R$ 132 milhões construída no próprio projeto. A responsabilidade total, agora, é do Estado.
Numa de suas últimas passagens por Juiz de Fora, o governador Romeu Zema acentuou que o dinheiro para os seis hospitais regionais – Divinópolis, Juiz de Fora, Teófilo Otoni, Sete Lagoas, Conselheiro Lafaiete e Governador Valadares – já estaria disponível, restando apenas a conclusão dos trâmites burocráticos para assinatura da ordem de serviço. No caso de Juiz de Fora, resta, agora, o aval da Assembleia, uma vez que a Câmara Municipal já concluiu a sua parte, dando sinal verde para a transação. É improvável algum impedimento entre os deputados tal a relevância do projeto iniciado ainda no ciclo tucano e passado por pelo menos três administrações.
Vencida a burocracia, e com a retomada das obras, a outra discussão, com a mesma relevância, envolve a gestão. O próprio governador disse que é possível garantir a finalização do projeto, mas sua gestão teria que passar por novas discussões. Ele tratava do custeio de um empreendimento de tal monta e que carece de investimentos permanentes para se manter atual. O Estado tem sérias dificuldades de financiamento, o que levou o governador a ensaiar negociações com parceiros privados interessados em administrar o hospital.
A discussão, a despeito de a atual administração ter toda prerrogativa, deve ser feita na legislatura a ser inaugurada em 2023, envolvendo, inclusive, uma nova Assembleia Legislativa. Os hospitais regionais são estratégicos em todos os pontos de Minas. O de Juiz de Fora, além da população local, deve acolher toda a demanda da Zona da Mata, o que vai exigir uma gestão eficiente para não se tornar mais um próprio estatal com baixa competência.
A participação da iniciativa privada deve ser bem-vinda, não apenas pela expertise, mas também pela capacidade de inovação, nem sempre encontrada nos organismos estatais. Ademais, os governos, em todas as suas instâncias, têm encontrado dificuldades de financiamento de projetos tão complexos. A formatação do contrato de gestão deve se preocupar, sim, com a qualidade do serviço a ser prestado, garantindo à população, em todas as suas camadas, acesso ao atendimento no qual sua dignidade máxima a ser seguida. As cenas de pacientes pelos corredores, que se acentuaram durante a pandemia, ficam no passado, sob a garantia de não se repetirem nos hospitais regionais, sejam eles dirigidos pelo Estado ou pela iniciativa privada.