A adesão de apenas 142 dos 853 municípios mineiros ao programa Minas Consciente é um dado preocupante, sobretudo quando se sabe que a proposta da gestão Zema é coordenar as ações de combate à pandemia do coronavírus. Decisões apartadas podem até dar bons resultados em pequenos universos, mas se mostram problemáticas quando há dependências entre cidades, como é o caso dos chamados municípios-sede com seu entorno. Juiz de Fora, por exemplo, tem uma população de cerca de 600 mil habitantes, mas quase dois milhões a têm como referência para serviços de toda sorte.
Não há explicação formal para essa baixa adesão, principalmente de cidades do porte de Belo Horizonte e Uberlândia – as duas maiores do estado – que preferem ter protocolos próprios de combate à doença, mas de consequências imprevisíveis. Os dois municípios estão também entre os de maior grau de contaminação, mas avançam em suas políticas de flexibilização. O tempo e os números dirão quem está certo, mas é possível aferir que o diálogo entre as instâncias de poder precisa ser permanente.
Embora tenha sido um dos últimos a serem afetados, o continente sul-americano, capitaneado pelo Brasil, tem os piores indicadores. No caso nacional, pela absoluta falta de coordenação entre os órgãos federativos e a União. Por um tempo, sim, mas hoje, a desconexão é clara e preocupante por conta das inações com graves consequências. A distribuição de respiradores tornou-se um problema – até mesmo de polícia – porque alguns estados e municípios, ante a falta de coordenação, tiveram que buscar meios para melhorar sua estrutura de atendimento. Soma-se a isso o viés político que pesa sobremaneira no pior momento, com a geração de impasses que só prejudicam a população.
No caso de Minas, a pandemia já chegou a 573 municípios, demonstrando claramente a sua interiorização. Sem estrutura adequada, tais regiões, como já foi dito neste mesmo espaço, acabam importando a doença e sendo obrigadas a exportar seus pacientes para as cidades-sede, nas quais a estrutura de atendimento é mais adequada. E aí reside parte do problema: muitos desses municípios, a despeito de não terem meios de atender os seus doentes, também não se preocuparam em implementar medidas claras de isolamento, deixando a vida seguir seu curso como se nada estivesse acontecendo.
A conta, ao final, vai para as metrópoles, como Juiz de Fora, que vivem fazendo contas de leitos de UTIs disponíveis na rede pública, num cenário, como na cidade, em que 20% deles são ocupados por pacientes de outros municípios. É da lei, pois existem pactos que garantem o uso universal do SUS, mas é necessário cobrar do entorno medidas de contenção. Caso contrário, o município vai continuar empacado na onda verde a despeito da possibilidade de progredir na flexibilização.