Levantamento divulgado nessa segunda-feira pelo jornal “Folha de São Paulo” revela que as mulheres continuam enfrentando velhas resistências na formação de palanques estaduais. Elas são apenas um em cada sete pré-candidatos aos governos. O percentual, sinaliza o matutino, é inferior ao registrado nas eleições de 2018 e poderá ser ainda menor, já que parte delas ainda não foi referendada por seus partidos. Os dados não surpreendem, mas constatam que ainda há um longo caminho a ser trilhado. As resistências começam dentro dos próprios partidos, cujas cúpulas raramente têm uma mulher nos postos mais elevados. Apenas seis estados brasileiros já elegeram mulheres governadoras: Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima.
Em Minas Gerais, a lista de candidatas é reduzida e a maioria delas fruto de partidos com viés ideológico. As legendas de maior porte raramente discutem essa questão e, quando o fazem, há sempre implicações terceiras, como no pleito de 2018, no qual várias mulheres se candidataram fruto de articulações para garantir o percentual exigido pela legislação. Algumas delas sequer sabiam que eram candidatas.
Os números reforçam o paradoxo nacional de ter uma população majoritária de mulheres e colégios eleitorais nos quais também são maioria sem que isso tenha reflexos nas urnas. Tanto no Congresso quanto nas assembleias legislativas e câmaras municipais, a maioria masculina é uma realidade permanente. Em Juiz de Fora, no pleito de 2020, pela primeira vez foi quebrado o limite de duas vereadores. Agora são quatro, mas num universo de 19 cadeiras, isto é, são menos de um quarto dos eleitos na disputa municipal.
Há avanços, mas o debate só aparece em períodos pré-eleitorais, quando estão sendo formadas as chapas. Encerrada essa etapa, há um silêncio estratégico em torno do tema. Até mesmo projetos mudando as regras, ou pelo menos garantindo mais participação feminina ficam emperrados em comissões. Não é de hoje, por exemplo, que se fala em um número mínimo de cadeiras reservadas para as mulheres. Uma comissão especial discutiu suas consequências, mas o texto não entrou em nenhuma reforma. As várias tentativas de estabelecer novas regras eleitorais tangenciaram o tema.
O Brasil elegeu e reelegeu Dilma Rousseff, mas também a tirou do cargo por conta de um impeachment. A senadora Simone Tebet, do MDB, tenta se inserir no jogo de 2022 como um nome capaz de representar a possível terceira via. Está encontrando resistências dentro do próprio partido, que adota uma postura pendular, sinalizando que a disputa nos estados e para os legislativos deve ser a prioridade.