A entrada do ex-ministro Sérgio Moro na disputa presidencial ainda não apresentou mudanças no processo eleitoral, com os números apontando estabilidade na performance dos atores que até agora se apresentaram para o embate do ano que vem. Pesquisa do Ipec, divulgada na última terça-feira pela Globonews, apontou, em dois cenários, que o ex-presidente Lula lidera com folga as intenções de votos, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro.
No primeiro cenário de candidatos à Presidência, Lula tem 48%, Bolsonaro, 21%, e Moro, 6%, empatado tecnicamente com Ciro Gomes (PDT), que tem 5%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Outros nomes também aparecem. O deputado mineiro André Janones (Avante) – um fenômeno nas redes sociais – e o governador João Doria (PSDB) têm 2%; Cabo Daciolo (PMN) tem 1%, e a senadora Simone Tebet (MDB) também tem 1%. Alessandro Vieira (Cidadania), Felipe d’Ávila (Novo), Leonardo Péricles (UP) e Rodrigo Pacheco (PSD) não registraram intenções de voto. Brancos e nulos somam 9%. Não sabem ou não responderam, 5%.
É fato que as pesquisas refletem apenas o momento e tendem a olhar mais para trás do que para a frente, mas alguns dados são emblemáticos para a definição de estratégias dos próprios candidatos. Os líderes da pesquisa já mostraram uma tática idêntica ao bater duramente no ex-juiz da Lava Jato, o que aponta, aliás, para uma mútua preferência de se enfrentarem, por saberem dos riscos de uma terceira via.
A questão é saber quando o caminho do meio terá uma definição. Sérgio Moro, Ciro Gomes e João Doria, os mais prováveis, ainda terão que remar muito para saírem da casa de um dígito, o que só deve ser obtido por volta de março, quando estará aberta a janela para mudanças de partido. Só a partir daí é que algumas composições devem ocorrer.
Na tarde de ontem, o ex-governador Geraldo Alckmin oficializou a sua saída do PSDB, partido do qual é um dos fundadores. Seu caminho é incerto, mas tudo aponta para filiar-se a um partido que lhe permita ser vice do ex-presidente Lula. Mas até isso é incerto, pois seriam dois paulistas numa mesma chapa, quando o que se busca é ganhar consistência em outros territórios, especialmente Nordeste ou Minas Gerais.
O que se espera dos candidatos é a antecipação de alguns pontos de seus programas, pois o eleitor, hoje mobilizado em grande parte pelas redes sociais, quer saber o que lhe será proposto em 2022. Até agora, esse discurso é raso, com questões básicas que em nada mostram as reais metas dos interessados na principal cadeira do país.
É cedo, mas já é hora de se apresentar alguma coisa.