As audiências públicas na Câmara Municipal têm sido a válvula de escape da população, pois, a despeito de ter nos vereadores a sua representação, pode, ela própria, apresentar e discutir suas demandas. É do jogo, mesmo quando há exageros da plateia ao não deixar a exposição de argumentos pró e contra os temas debatidos ser feita. Na última quinta-feira, os moradores do Bairro Linhares ocuparam as galerias do Palácio Barbosa Lima, para apresentarem sua indignação pela decisão do Governo estadual de implantar na região uma unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, entidade responsável por ações de ressocialização de egressos do sistema penal.
Os moradores, com sólidas razões, indicaram que o bairro já é sede do Ceresp e de duas penitenciárias – José Edson Cavalieri e Ariosvaldo Campos Pires -, não suportando uma nova unidade envolvida com o sistema prisional, apesar de suas funções. Os vereadores concordaram com a manifestação e, como é de seu ofício, pretendem levar a questão para o Governo. Até o deputado Márcio Santiago, que é agente penitenciário por profissão, apoia a comunidade.
Ficou claro na audiência que o impasse se prende apenas à localização. As Apacs são um projeto sério de ressocialização que deve ser incentivado, pois têm sido a principal alternativa para aqueles que voltam à sociedade dispostos a sair do crime. O que deve ser feito é buscar um local com menor densidade populacional, capaz de abrigar o projeto com respaldo de todas as partes. No Linhares, não. A comunidade, com toda razão, aponta não apenas a insegurança, mas também os reflexos na vizinhança. A região é estigmatizada, e até os imóveis são desvalorizados por conta do Ceresp e das penitenciárias. É preciso bom senso para acolher a demanda comunitária.
Além do deputado Santiago, os demais parlamentares com domicílio eleitoral em Juiz de Fora devem abraçar a causa, pois não envolve interesse desse ou daquele segmento. É um pleito coletivo, com fundamento e indicador da necessidade de ser acolhido.