Menina dos olhos do ex-prefeito Bruno Siqueira, a despoluição do Rio Paraibuna entra na lista das ações cujo futuro continua indefinido ante dificuldades processuais e econômicas que perpassam as negociações. Na edição de domingo, a Tribuna revelou tais dificuldades e o interesse da Cesama em abrir nova licitação para continuidade do projeto. Boa notícia, pois uma obra de tal porte e de tamanha relevância para a cidade não pode entrar na lista de obras inacabadas como o Hospital Regional e a BR-440.
Implementar um projeto de tal dimensão, de fato, não é uma ação tão simples. Ante uma série de complexidades, sua execução tornou-se um desafio em todas as etapas. Como não há um mapeamento atualizado da cidade, trabalhar com obras no subsolo é um obstáculo a mais, pois há sempre surpresas que demandam até mesmo revisão de projetos. E tais medidas, quase sempre, implicam, também, novos custos, que acabam refletindo no valor final do empreendimento.
As previsões orçamentárias sistematicamente implicam uma revisão, como, aliás, é comum também em orçamentos domésticos, cujas obras sempre ficam além do previsto ante as comuns alterações. Só que, quando se trata de um projeto que envolve basicamente toda a cidade, o preço ganha dimensões estratosféricas, em algumas vezes tornando projetos inviáveis. Daí, a decisão da Cesama de ir adiante é uma necessidade premente, sobretudo por não haver, também, outra alternativa.
A Câmara Municipal, a quem cabe fiscalizar as ações do Executivo, podia fazer um acompanhamento mais efetivo, sobretudo para também dar sugestões numa obra de interesse coletivo. Há anos, Juiz de Fora discute a despoluição do Rio Paraibuna, mas só na administração de Bruno Siqueira esse processo, de fato, foi inaugurado. Algumas estações de tratamento já estão prontas, mas ainda há um longo caminho a ser perseguido.
Ademais, a despoluição do principal rio a cortar a cidade é uma necessidade, por conta das vantagens ambientais que implica, bastando ver exemplos de rios que foram despoluídos e hoje são ganhos estratégicos para os municípios, inclusive na busca de recursos na área ambiental. Demandas não faltam, pois não basta despoluir o principal rio, quando há uma implicação direta na limpeza de seus afluentes.
E aí há um problema crucial, pois, como destacam os ambientalistas, salvo o Paraibuna, do Bairro Mariano Procópio em diante não se vê afluente a céu aberto. Todos estão encapsulados por ruas e habitações, tendo como principal exemplo o córrego Independência, que corre por baixo da Avenida Presidente Itamar Franco. Despolui-lo é uma necessidade; executar a obra, um desafio. Mas é fundamental ir adiante, pois obras de tamanha magnitude, de fato, levam anos para serem concluídas. O importante, porém, é não parar.