Desde a semana passada, num ciclo iniciado com o pré-candidato Alexandre Kalil (PSD), a Rádio Transamérica Juiz de Fora vem ouvindo as propostas dos políticos já com vistas às eleições de outubro. Depois dele, já foram entrevistados o tucano Marcus Pestana, o governador Romeu Zema (Novo) e o senador Carlos Viana (PL), restando ainda os demais postulantes em Minas Gerais. As entrevistas, em forma de matéria, são reproduzidas na Tribuna, a fim de garantir a sua perenidade para o pós-eleição, quando termina o jogo e começa o mandato.
Os quatro depoimentos tiveram como ponto comum a preocupação com a Zona da Mata e com Juiz de Fora, sua principal cidade, mas os discursos se situam mais no campo das propostas, sem a profundidade capaz de indicar ao eleitor que as metas serão cumpridas. A região, como ficou constatado, sobretudo, na pandemia, continua sendo uma das menos favorecidas pelo Estado e pela União, a despeito de sua importância. Há consenso quando todos, cada um ao seu modo, disseram que é preciso resgatar a importância da região, considerada estratégica sob o ponto de vista econômico, por situar-se próxima às principais capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Mas não basta um governador preocupado com as demandas se elas não chegarem a contento à sua mesa. Deputados e senadores, eleitos para legislar e fiscalizar os atos dos governantes, também devem fazer o papel da intermediação, a fim de garantir a implementação de projetos que atendam às cidades da Zona da Mata e cobrar a execução dos projetos que foram prometidos durante o período de campanha. Mesmo com os claros avanços, ainda há um passivo importante a ser resolvido, sobretudo nos repasses. Boa parte dos recursos que chegam às prefeituras é fruto de emendas parlamentares, cuja execução nem sempre ocorre no tempo hábil.
Faltando dois meses e meio para o pleito de outubro, os eleitores devem começar o processo de avaliação dos candidatos, a fim de saber quais são suas metas se forem eleitos. Essa prospecção vale para os postos Executivo e Legislativo, pois, a despeito de sua independência, são poderes que têm uma direta interdependência. Por isso, não basta olhar apenas para o programa dos candidatos a governador. É necessário avaliar o perfil dos candidatos a deputado e, no caso dos que buscam a reeleição, de seu histórico de trabalho pela região.
Não é inédito, mas vale lembrar que regiões como o Triângulo Mineiro cobram comprometimento dos candidatos independentemente de seu viés ideológico. Passado o pleito, devem se voltar, unidos, para os interesses da região. Em Juiz de Fora, já foram feitos vários ensaios, mas ainda resta uma conversa definitiva a partir do setor produtivo, para garantir o retorno que todos esperam.