As eleições municipais sempre se diferenciaram dos pleitos nacionais por conta de sua agenda: o eleitor se prende mais a detalhes locais, como a situação do seu bairro, ou até mesmo de sua rua, ficando distante das demandas que não o afetam no dia a dia, como política nacional e outras questões discutidas e avaliadas nos fóruns de Brasília e dos estados.
No entanto, a pesquisa do Atualiza Dados Pesquisa e Inteligência Política, publicada no último domingo pela Tribuna, apontou para um dado que é novo, mas sem gerar surpresa. O eleitor pode definir seu voto não apenas em torno do que é oferecido a ele na base, mas também pelo que os políticos andam fazendo ou falando na instância nacional. A divisão que se estabeleceu na política desde o impeachment da ex-presidente Dilma, quando a discussão ficou na base do nós contra eles, continua sendo uma constante na ordem do dia, amplificada nos últimos anos pelas redes sociais.
Por isso, não será surpresa se os postulantes ao posto de gestor de Juiz de Fora e dos demais municípios forem induzidos a se posicionar também em torno do embate nacional. Se isso é bom ou ruim, vai depender de como a matéria será encaminhada. Há virtudes e defeitos em ambas as margens, e o eleitor será levado a avaliar essas questões.
Mais do que nunca, porém, ele deve estar atento a essa nova agenda não só por conta do discurso que permeia as redes sociais, mas também pela prioridade que precisa ser dada a essas questões. Hoje há um vínculo direto entre as instâncias federativas por conta, por exemplo, da pandemia do coronavírus. O Governo federal fala uma coisa, os governos defendem outra, e os prefeitos ficam à mercê desse cenário pendular, cujas oscilações comprometem claramente as políticas de enfrentamento à Covid-19. A falta de coordenação deixou os prefeitos – que estão na linha de frente – com a corda no pescoço, pois são sujeitos a críticas de todos os lados.
Como esse tema, certamente, também vai para o palanque, os candidatos devem estar aptos para avaliá-lo. E não será uma questão simples, pois o eleitor não irá se submeter ao simples declaratório, devendo cobrar ações factíveis dos postulantes ao cargo.