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Porteira aberta

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Tão logo as urnas apresentam seus resultados, os eleitos entram em ponto-morto por um pequeno período não apenas para celebrar a vitória, mas também para descansar da árdua jornada de uma campanha eleitoral. Passado esse período, começa o jogo de poder, no qual os partidos aliados tentam emplacar seus afilhados e, em contrapartida, assegurar maioria nos parlamentos. O processo vale para as instâncias federal, estadual e municipal.

Empossado em 1º de janeiro de 2023, o presidente Lula já passou pela etapa do primeiro escalão, contemplando sua base e aliados com ministérios. É do jogo, mas esta fase foi apenas o início de um processo de barganha próprio do presidencialismo de coalização. Alertado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, de que ainda não tinha maioria na Câmara para aprovar os principais projetos de seu mandato, a começar pela reforma tributária, o presidente, como se fala no jargão político, começa a abrir a porteira para os postos de segundo escalão.

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É, talvez, a etapa mais importante, pois se há uma limitação de cargos ministeriais, o número de vaga nos demais escalões é bem mais expressivo e, até mesmo estratégico, como diretorias de estatais e empresas públicas. O jornal “Estado de São Paulo” destaca, na edição de ontem, que além do pacote para o União Brasil, “o governo destravará, a partir desta semana, cargos prometidos para o MDB, que terá uma diretoria do Banco do Nordeste (BNB), uma vice-presidência da Caixa e quatro secretarias do Ministério das Cidades. A pasta já é comandada pelo partido, que também controla Transportes e Planejamento.”

Como não dá para governar apenas com os aliados de palanque, a cessão de cargo tornou-se uma rotina dos governos desde a redemocratização. E é aí que entra o Centrão. Formado por partidos dispostos a jogar de acordo com seus interesses, ele é pendular, oscilando sempre para o lado do poder desde que, é fato, seja correspondido, ou melhor, contemplado com cargos.

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As campanhas eleitorais são pródigas em apontar o profissionalismo de seus membros. Os candidatos aos postos majoritários apresentam suas metas, demonizam o Centrão e acabam nos seus braços. Quando candidato, o então deputado Jair Bolsonaro anunciava com todas as letras que não cederia a esse grupo. Não conseguiu manter o discurso. O presidente Lula fez o mesmo, chegando a dizer que iria acabar com a farra do orçamento secreto e outros mecanismos do Centrão. Seu ministério está recheado de nomes indicados pelo grupo.

Chama a atenção o fato de todos conhecerem o que virá pela frente, mas as rasas tentativas de virar o jogo não avançaram, sobretudo por conta da mútua dependência entre Executivo e Legislativo. Até mesmo as reformas políticas implementadas não foram adiante sobre esse tema. O jogo, pois, vai continuar.

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