O fim de semana foi marcado por dois episódios emblemáticos e recorrentes na vida da cidade. O primeiro, ainda na manhã de domingo, ocorreu na Avenida Presidente Itamar Franco, envolvendo um coletivo. Desgovernado, bateu num poste, danificando toda a fiação, e ainda atingiu dois veículos estacionados numa região de lanchonetes. De acordo com a ocorrência, 23 pessoas ficaram feridas – 22 de forma leve e uma ainda em observação -, mas poderia ter consequências bem mais graves. O acidente ocorreu próximo à subida para a Curva do Lacet. Embora as causas ainda não tenham sido identificadas, é de se imaginar a dimensão do caso se fosse no sentido inverso.
Mesmo onde ocorreu, não fosse pelo horário e ser domingo, também haveria danos irreversíveis, por haver lanchonetes, lojas de conveniência e até uma academia de ginástica.
A outra ocorrência foi registrada no Mergulhão, na Avenida Rio Branco. O furto de cabos paralisou os motores de bombeamento das águas, gerando uma inesperada inundação do trecho, que resultou no fechamento parcial da via. Somente pela manhã desta segunda-feira a situação foi resolvida.
Ao fim e ao cabo, há margem para duas discussões que ganham novos desdobramentos. No caso do ônibus, não é de hoje que o segmento está em xeque ante o número de ocorrências, que, felizmente, não causaram acidentes com vítimas fatais, daí a necessidade de ações preventivas para evitar algum tipo de tragédia. A Prefeitura voltou a ameaçar denunciar o contrato de concessão, mas ainda avalia as consequências, pois, se houver algum tipo de interrupção do serviço, é preciso estar pronta para uma substituição imediata, o que, tudo indica, ainda não estar sendo possível. Trata-se, portanto, de uma decisão na qual é fundamental estar apto para cobrir o espaço.
Desde o início da atual gestão, a prefeita Margarida Salomão tem dito que estão em curso estudos para redimensionamento do sistema de transporte da cidade. Até mesmo especialistas entendem não ter uma tarefa fácil, sobretudo para uma cidade em amplo crescimento de sua periferia – em algumas regiões de forma irregular – e com uma topografia que compromete várias ações. A CPI dos Ônibus, realizada pela Câmara, ainda na legislatura anterior, apontou as falhas do sistema, mas a solução é um processo ainda em curso.
Quanto aos furtos de cabos e fios trata-se de uma questão de alcance nacional. As metrópoles, vira e mexe, têm seus serviços comprometidos pela ação dos ladrões. Prendê-los não aponta necessariamente para a solução, pois haverá sempre alguém para o mesmo serviço. A saída está na origem do problema. Se furtam é porque tem alguém que compra. A polícia já fez várias incursões em ferros-velhos e implementou autuações, mas há também os clandestinos. Combatê-los é a única saída, para cortar a linha de suprimento dos infratores diretos.