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Capital político

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No momento mais crítico da depredação dos prédios do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal, entre 14h e 18h, no último domingo, o instituto de pesquisa Quaest fez um monitoramento das postagens nas redes sociais e constatou que 90% dos brasileiros condenavam a ação dos vândalos. Já na quinta-feira, o Datafolha revelou que 92% dos brasileiros repudiaram a ação e defenderam a punição dos infratores.

Os números são emblemáticos por mostrarem, ainda, que o presidente Lula saiu fortalecido, sobretudo por não se curvar diante dos golpistas e coordenar uma ação integrada com governadores de todos os estados, ministros do STF e lideranças políticas pelo país afora. Em Minas, a Assembleia Legislativa emitiu nota de repúdio, e a Câmara Municipal de Juiz de Fora adotou o mesmo procedimento.

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Uma semana após os acontecimentos, cujas imagens percorreram o mundo e foram capa dos principais jornais de diversos países, a fase de investigação e de elaboração de inquéritos, para as devidas ações penais, está em curso, mas há outros dados que precisam ser levados em conta. O capital político colhido pelo presidente deve ser utilizado em defesa da democracia, e não em torno de uma causa partidária, em razão das várias manifestações de respaldo que vieram até mesmo de adversários.

Fortalecer a democracia tornou-se um imperativo, por causa do que virá pela frente. É certo que os eventos do dia 8 não se repetirão, mas o atual mandato não será um ciclo sereno por uma série de fatores. O país continua dividido, e o capital político do ex-presidente Bolsonaro, a despeito de sua clara desidratação nos últimos dias, ainda é expressivo, e ele será uma fonte de oposição ao atual mandatário.

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A questão a saber é como essa oposição será desempenhada. Pela via democrática, ela é totalmente legítima, por conta dos próprios números: 58 milhões de brasileiros votaram no projeto derrotado nas urnas e têm claras discordâncias com o vencedor. São números relevantes que estarão dentro do espectro político.

O fortalecimento da democracia se faz mister para garantir que a oposição, necessária e legítima, seja implementada dentro das quatro linhas – como gosta de destacar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

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O Congresso, cuja legislatura será inaugurada no dia 2 de fevereiro, terá uma formatação totalmente distinta daquela que atuou nos dois primeiros mandatos do presidente Lula. No pacote de 58 milhões de votos bolsonaristas, foram eleitos parlamentares que já anunciaram dura oposição ao Governo. Mas é dentro do Congresso que o jogo deve ser jogado, por serem os parlamentares detentores da procuração das ruas.

Ainda é cedo para qualquer aferição, mas a reação das instâncias de poder e da própria população deve servir de referência para as lideranças, uma vez que ficou claro o interesse coletivo pela pacificação sem que isso signifique abdicar da punição àqueles que, em vez de protesto, praticaram ou patrocinaram economicamente atos extremos de vandalismo.

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