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Brincando com fogo

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As muitas e variadas denúncias que pesam contra a instância política têm sido insuficientes para mudar o comportamento desses personagens, que continuam ignorando os fatos e criando condições para constranger aqueles que os investigam. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS é o típico caso em que deputados e senadores vão investigar o que já foi apurado, soando mais como uma tentativa de livrar a própria pele diante do que está nos autos. A escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), membro da tropa de choque do presidente Michel Temer, para relator é o principal indício. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), diante da definição, pediu para sair, pois, no seu entendimento, “deixa a impressão de um acerto de contas, de revanche, que descaracteriza a necessária investigação dos fatos”, lamentou.

Comissões parlamentares são um caminho incerto: se sabe como começam, mas seu desfecho é imprevisível. Por isso, há sempre o risco de o tiro sair pela culatra, sobretudo diante de um caso em que as evidências, já levantadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, são de forte envolvimento da via política com os empresários. O que a CPMI busca ninguém sabe, e a prisão de Wesley Batista, irmão do já preso Joesley, coloca mais lenha na fogueira, deixando os políticos com um pé atrás.

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A investigação a ser encabeçada pelo Congresso soa como uma cortina de fumaça, mas de pouca eficácia. O escândalo da JBS saiu de controle, não havendo mais meios de se jogar alguma coisa para debaixo dos panos, sobretudo após uma nova rodada de delação, com a apresentação das gravações que ficaram fora dos autos na primeira fase de denúncias. A semana que marca o bota-fora do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda reservará fatos novos, já que o escândalo provoca ecos em todas as instâncias de poder.

 

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