A semana curta, em razão do feriado nacional de quinta-feira – no caso de Juiz de Fora também foi feriado nessa segunda-feira, Dia de Santo Antônio -, não terá influência nas articulações ora em curso para formação de alianças e chapas envolvendo o pleito de outubro. Na semana passada, os tucanos formalizaram o apoio à senadora Simone Tebet, candidata à Presidência pelo MDB, mas ainda há ncessidade de muitas conversas, uma vez que, em vários estados, entre eles Minas Gerais, ainda há resistência a esse projeto. Embora admita que não irá levar a discussão para a convenção, o deputado Aécio Neves voltou a dizer que o PSDB está perdendo o bonde da história ao ficar, pela primeira vez depois da democratização, fora das eleições presidenciais.
A situação da senadora é apenas uma parte do jogo de alianças que ainda está sendo formatado pelo país afora. Aqui em Minas, além de o tucano Marcus Pestana esperar reciprocidade do MDB, ainda há pontos a serem costurados. O governador Romeu Zema continua sendo cortejado pelo presidente Jair Bolsonaro, que deseja tê-lo em seu palanque. De olho nas pesquisas, Zema resiste, mas corre o risco de ficar sozinho se não ceder às movimentações do Planalto. Se não topar, quem herdaria o apoio seria o senador Carlos Viana (PL), que até o início do ano era o pré-candidato do MDB. Na janela partidária, mudou de partido para ter o apoio do presidente.
Os políticos, mesmo com o discurso de ceticismo para a arquibancada, trabalham internamente com pesquisas e tomam decisões com base nos números. Com o ex-presidente Lula no palanque de Kalil, o governador ficaria fora da polarização, que pode refletir diretamente na sua campanha. O ex-prefeito de Belo Horizonte tem sido orientado a ficar atento ao próprio discurso, pois há apostas de virar o jogo, sobretudo ante a solidão de Zema.
O governador está bem avaliado em praticamente todas as regiões de Minas, perdendo para Kalil somente em Belo Horizonte e na Região Metropolitana. Isolado, corre riscos, pois o eleitor, a despeito de todos os esforços de uma terceira via, ainda está envolvido na polarização, sobretudo se a senadora Simone Tebet não decolar. Faltando apenas quatro meses para o pleito, a consolidação da terceira via tornou-se um grande desafio, já que nem mesmo os partidos de centro se entendem. Perdeu-se muito tempo nos embates enquanto os líderes da campanha ganhavam musculatura.
Em Minas, se diz que, eleição e mineração, só depois da apuração, mas o jogo já está sendo jogado de forma intensa, tanto na disputa nacional quanto nos estados. Os mineiros costumam esconder suas preferências – como ocorreu há quatro anos, quando a discussão para Senado girava apenas em torno do segundo eleito, já que a primeira cadeira já era da ex-presidente Dilma Rousseff -, mas os números ora apresentados são emblemáticos. A bola está com os candidatos, que não podem errar na reta final da campanha.