Não é de hoje que as cidades de pequeno porte e a própria Zona Rural tiveram seu perfil mudado. De pacatas localidades, onde a vida custava a passar, tornaram-se áreas urbanas integradas ao mundo graças à rede mundial de computadores. Até aí, não havia problemas, pois integrar-se ao mundo era uma aspiração comum, em decorrência dos muitos avanços que isso significava. Mas há o lado perverso desse enredo. A pós-modernidade também trouxe problemas. Os locais onde a vida não passava também estão no mapa do crime, especialmente do tráfico de drogas. Como um mercado, ele busca novos espaços para ampliar seus negócios, e, aí, ninguém está fora do processo.
Por conta disso, não há surpresa no cenário apontado pela Tribuna, na edição de domingo, quando mapeou a região e constatou que esta também sofre o impacto da violência do tráfico. O número de furtos e roubos aumentou, e os tempos de portas e janelas sem trinco ficaram para trás. O medo entrou na rotina, com impacto mais acentuado nos mais idosos, que viveram outros tempos e agora sofrem com essa perversa novidade.
Os prefeitos usam os meios possíveis, e o mais comum é pedir ao Governo do estado o aumento do efetivo policial. Se nos velhos tempos um cabo e um soldado davam conta do recado, isso não é mais possível, mas é vital considerar que a política de segurança não se desenvolve apenas com polícia. A prevenção se faz por ações conjugadas dos muitos segmentos, inclusive da sociedade, por tratar-se de uma demanda coletiva.
O enfrentamento à violência é, talvez, um dos maiores desafios desses novos tempos, pois ele começa na discussão em torno do perfil social. Famílias desestruturadas são mais vulneráveis, da mesma forma que a falta de políticas públicas de viés social é fonte para outros problemas. Assim como as famílias precisam ser assistidas, o Estado, em todas as suas instâncias, tem que produzir ações de promoção da pessoa. Caso contrário, a luta restrita ao “prende e solta” terá resultados trágicos para a sociedade.