A situação na Zona da Mata é crítica na maioria dos municípios, ora invadidos pelas águas, mas, mesmo assim, ainda há os que brincam com vidas e outros que, sem qualquer tipo de aferição, replicam falsas informações. O território da web foi invadido por fake news indicando tragédias que não aconteceram e situações que ainda não se confirmaram, como pontes levadas pelos temporais.
A situação é extremamente grave, mas as informações corretas, sob o viés da devida apuração, já são suficientes para deixar a população alarmada. Embora ainda não tenha sido contabilizado, o prejuízo será alto diante da dimensão das tempestades. O Governo de Minas anunciou medidas fiscais para atender as empresas afetadas nos municípios em situação de emergência, mas já se sabe que tais medidas serão insuficientes para atender a grande demanda que chegará ao governador.
Muitos municípios terão que ser reconstruídos e outros terão que rever, especialmente, a localização de suas barragens, muitas delas à jusante, colocando em risco a população. Há represas próximas do limite, sendo obrigadas a abrir comportas para evitar danos mais consideráveis, mas o volume de água liberado já é suficiente para inundações. Opta-se pelo mal menor.
Ontem, a Tribuna e a Rádio CBN conversaram com prefeitos dos municípios mais afetados, e de todos ouviu o discurso único de socorro. As prefeituras, que desde 2008 estão à mercê de repasses – vários recursos foram parcelados ou estão atrasados -, vivem, agora, um novo ciclo: têm que atender o interesse coletivo sem meios financeiros para cumprir tal tarefa. A contabilidade final dará a dimensão do problema, mas os dados levantados já são suficientes para apontar um cenário de crise.
Como haverá eleição municipal em outubro, várias ações dos atuais gestores vão para o palanque. Se cumprirem metas, terão um argumento a mais para apresentar ao eleitor. Caso contrário, haverá munição para os adversários. É a regra do jogo.
Todavia é possível depreender que a maioria dos municípios brasileiros ainda não está pronta para enfrentar o ciclo das águas. As metrópoles, como São Paulo, a maior do país, também se apresentam em situação crítica, não apenas por não cumprirem a lista de investimentos, como também pela impermeabilização, transformando ruas em calhas perfeitas para o acúmulo de água.
Além disso, a drenagem dos rios é mínima, e a ocupação desordenada, uma máxima. Esse somatório é caldo perfeito para tragédias.