Na semana passada, os brasileiros especialmente viveram sob uma intensa onda de frio, enquanto as Américas do Norte e Central continuam sob um calor intenso, além dos próprios padrões do verão do Hemisfério Norte. No Canadá, temperaturas acima de 45ºC chamam a atenção dos cientistas, por não serem comuns, valendo o mesmo para o Hemisfério Sul, com um frio que, de forma inédita, rompeu a própria Amazônia.
Os especialistas advertem que esses extremos deixarão de ser incomuns, devendo se incorporar à rotina do planeta por conta do aquecimento global. É a resposta da natureza às ações humanas. Governos de vários países negligenciaram medidas de proteção estabelecidas em convênio por entenderem ser mero capricho dos cientistas. Nos seus quatro anos de Governo, o ex-presidente dos EUA Donald Trump ignorou acordos, como o de Kioto, e incentivou o aumento da poluição.
A conta está apenas na sua fase inicial. Na avaliação dos cientistas, o calor extremo no Norte e o frio que fez os brasileiros tremerem nos últimos dias serão o novo normal. O verão acima do Equador será mais perverso, mas as geadas na região tropical deixarão de ser novidade.
A discussão climática não se esgota em dizer que está frio ou quente. As consequências são bem mais extensas, a começar pela mais grave: a ameaça à vida na terra. Com o desequilíbrio global, é possível ver as consequências na falta de chuvas, como ora ocorre no país, ou no excesso, que traz consigo tragédias que deixam de ser sazonais, podendo ocorrer a qualquer momento.
A falta de chuvas tem reflexos imediatos no abastecimento e compromete a geração de energia elétrica. O país, a despeito do que já vem ocorrendo há anos, não se preparou para adotar outros modelos, o que faz dele dependente das termoelétricas, cujas tarifas são bem mais caras. E estamos apenas no começo.
Se o ciclo das águas não começar em outubro – como era comum em outros períodos -, várias cidades terão sérias dificuldades em seus mananciais.
Juiz de Fora não vive esse dilema em razão da Represa de Chapéu D’Uvas, 20 vezes maior do que a Represa João Penido. Nada, porém, permite o uso e abuso dessa condição. É preciso olhar para o futuro e tomar medidas para que não ocorra o que ora se vê, por exemplo, no Sul de Minas, onde o Lago de Furnas já apresenta paisagens desérticas. Cuidar dos nossos mananciais é uma necessidade que começa hoje, com providências que passam desde a manutenção das nascentes a projetos que controlem a ocupação urbana de suas margens.
Se nada for feito, o futuro pode se antecipar com suas demandas preocupantes.