Uma das principais consequências das chuvas que afetaram Minas Gerais foi a solidariedade entre municípios diante da necessidade de se trabalharem juntos na busca de soluções. Tais fenômenos são raros, bastando buscar no tempo momentos em que tantos atores estiverem unidos em torno da mesma causa e no mesmo palanque. Não é de hoje que a Tribuna vem clamando, sem sucesso, por movimentos conjuntos das lideranças políticas. Há, é fato, interesse, mas a execução ocorre da forma menos adequada: cada um se apresentando isoladamente. Até mesmo em questões justas, o estilo solo acaba enfraquecendo a demanda.
Com as chuvas tem sido diferente. Os prefeitos, unidos sob o manto de sua associação, pressionaram tanto o Estado quanto a União para liberação de recursos imediatos para o enfrentamento às tragédias provocadas pelas águas. Os empresários atuaram sob o mesmo modelo por também terem sido afetados, e a população, por meio de suas representações – inclusive políticas – exigiu respostas.
Nessa quinta-feira, em Ubá, diversos prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias também elaboraram um manifesto a ser encaminhado ao governador Romeu Zema, cobrando solução imediata do problema da MG-133, interrompida na altura do município de Tabuleiro. Além do documento, os vereadores que estiveram no evento se comprometeram, ainda, a fazer representações em suas câmaras para obter respaldo de seus pares e reforçar a pressão.
A Zona da Mata e, particularmente, Juiz de Fora já perderam vários investimentos pela falta de movimentos conjuntos e articulados. Já ocorreram eventos pela mesma causa, mas a execução final se perdeu no fogo das vaidades. Há cerca de dez anos, um seminário, na antiga sede da Reitoria da UFJF, no Centro da cidade, reuniu lideranças políticas e empresariais para discutir um projeto comum para a Zona da Mata. Cada parlamentar ficou encarregado de uma demanda, mas foram poucos os que executaram a missão.
Tempos depois, prefeitos da região firmaram um documento intitulado Carta de Maripá, com propósitos idênticos, exigindo recuperação das estradas para escoamento da produção. A chuva só agravou o problema, mas há tempos elas estão comprometidas.
Espera-se que, desta vez, os resultados sejam melhores, ainda mais num ano em que câmaras e prefeituras passarão pelo crivo das urnas. Embora diretamente fora do jogo, os governos do estado e da União serão induzidos a tomar providências efetivas e rápidas.