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Fora dos autos

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O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, vive no pior dos mundos por conta própria. Em entrevista à Agência de Notícias Reuters, ele disse que tudo indica que o inquérito que investiga possíveis relações do presidente Michel Temer com uma empresa que atua nos portos deve ser arquivado. Ele não foi enfático, como foi divulgado na véspera, mas falou o suficiente para causar desconforto na corporação e indignação na opinião pública. Afinal, não é ele quem preside o inquérito, e, mesmo se fosse, não deveria antecipar qualquer eventual resultado.

Escolhido pelo presidente da República, com respaldo de seus aliados, para presidir a Polícia Federal, Segovia foi empossado sob o manto da dúvida. Seus críticos o consideram um homem do Governo colocado num posto-chave para barrar investigações inoportunas contra o presidente ou seus aliados. Ele vem tentando desfazer essa impressão, mas seu depoimento à agência retorna a dúvida ao ponto zero.

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Desde o mensalão, a Polícia Federal tem sido considerada a instituição mais prestigiada pelas ruas, por conta, sobretudo, das investigações que foram ou estão sendo feitas acima do viés partidário. Os inquéritos feitos pelos delegados e as ações levadas adiante pelo Ministério Público contemplaram gente do andar de cima de todas as tendências. Há ex-governadores e deputados presos e um expressivo número de políticos e empresários, que antes estavam fora do radar da polícia, respondendo a processos.

Por conta desse prestígio, o gesto do diretor-geral é um ato contra a própria instituição, daí o repúdio das associações de agentes e delegados que agora pedem a sua cabeça. Se vão conseguir, é outra coisa, mas a “boa vontade” do policial acabou saindo pela culatra, pois levou para dentro do Planalto uma dúvida que, até então, tinha poucos indícios de ser consolidada.

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