A economia está fazendo o milagre de se descolar da política e tocar suas ações adiante, uma vez que está mais do que claro que a política ainda vai render desdobramentos não apenas no caso Temer, em que o presidente luta com unhas e dentes para rejeitar a denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República, mas também pelas discussões em torno das reformas de que o país carece, a começar pela trabalhista, que está na pauta do Senado. Só dessa forma será possível dar mais visibilidade aos números positivos e indicar ao mercado que, independentemente da saída ou permanência do chefe do Governo, o país tem que avançar.
Ontem, enquanto senadores se digladiavam no Senado, o presidente disse que vai acabar o que a Câmara decidir, num discurso voltado mais para as ruas, para demonstrar sua isenção, do que para o público interno, que assiste às investidas do Palácio do Planalto sobre deputados indecisos, ora pressionando para que assumam um lado, ora substituindo os que notoriamente se bandearam para o outro lado. Trata-se de uma tática perversa, mas, nesse aspecto, a oposição poderá levantar a voz, pois também utilizou o mesmo método em momentos críticos da sua gestão; muito menos os tucanos que estiveram à frente do Governo nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso. Como bem lembrou o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Justiça, tal tática pode ser comum na instância política, mas ela tem fortes questionamentos éticos.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, voltou a reafirmar que os números são positivos, mas não definiu se eles são resultado das ações do presidente Temer ou se são de alçada apenas de sua equipe. Nesse caso, o deputado Rodrigo Maia, que é o cotado para fechar os quatro anos da atual legislatura, não teria problema em manter o grupo. Tem sido discreto, é fato, mas já mandou o recado de que não mexeria no time que, em tese, está ganhando o jogo. Interlocutores para passar a mensagem ele tem em casa. O ministro Moreira Franco é casado com sua sogra. Tudo em família.