Há um ano, depois da pressão de vários organismos internacionais, a Organização Mundial de Saúde considerava oficial a proliferação do coronavírus uma pandemia de alcance global. O Brasil, no dia 12 de março, registrava também o seu primeiro óbito pela contaminação. Era o início formal de uma trágica jornada, que teve desdobramentos graves. Com mais de duas mil mortes diárias, o país, hoje, tornou-se o centro da doença, superando até mesmo os Estados Unidos na média móvel de casos. A despeito dos acenos, a vacinação continua bem aquém da demanda, o que traça preocupantes perspectivas para a população.
Nesse mesmo período, porém, a ciência deu um de seus maiores saltos, pois, em tão pouco tempo para os padrões científicos, produziu antídotos contra o vírus, que têm servido para reverter os dados da doença. Nos países com maior número de imunização, já é visível a queda de casos. Por isso, quando se cobram do Governo ações objetivas, o foco é mudar o cenário de medo que ocupa corações e mentes. Os jovens, que durante tanto tempo eram considerados um público de menor escala de contaminação, tornaram-se a maioria dos internados nos hospitais. Dois fatores contribuíram para essa estatística: são os que mais ignoram as recomendações sanitárias, participando de aglomerações em festas e praias, e entre os idosos a vacina é um poderoso imunizante.
Enquanto o Governo federal trava uma queda de braço com estados e municípios, a alternativa é reduzir ao máximo a ocupação das ruas, mas é fundamental conciliar tais ações com projetos que garantam a sobrevivência do setor produtivo. Não é uma operação fácil, mas não há outro caminho quando todos, de certa forma, são vítimas dessa pandemia.
Na tarde de quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro, provavelmente reagindo ao discurso do ex-presidente Lula, foi aos microfones para anunciar investimentos na vacina. Espera-se que tais medidas se tornem frequentes, pois só com vacina será possível alcançar números razoáveis na proteção coletiva. O Brasil, a despeito de seu potencial econômico, tem um dos piores índices de vacinação. Em menos de dois meses à frente do Governo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alcançou a meta de vacinar cem milhões de americanos em três meses.
Embora com possibilidades bem mais modestas, o Brasil tem que sair do fim fila, uma vez que a imunização salva vidas e resgata a economia, como disse recentemente o ministro da Economia, Paulo Guedes. Se ela, então, atende às duas prioridades, deve, pois, ser o foco central de todas as instâncias de poder.