Por iniciativa do vereador André Luiz (Republicanos), a Câmara está discutindo, ora em comissões técnicas e depois no plenário, projeto estabelecendo a aplicação de multa de R$ 50 mil para pessoas que furarem a fila de vacinação contra a Covid-19. Em suas considerações, ele destaca ser “inadmissível, seja por ordem financeira, seja por poder de influência, que alguém venha a se beneficiar e furar a fila. Quem vai determinar quem tem o direito ou não de ser vacinado são os órgãos responsáveis ou a Justiça”.
Num tempo em que a vacina não atende a demanda, o número de pessoas que cortaram caminho teve um crescimento expressivo, numa clara demonstração de descaso com o outro, prevalecendo a máxima farinha pouca, meu pirão primeiro. Ao estabelecer uma multa, o vereador segue o Ministério Público, que também está querendo identificar os fura-filas. Muitos se autoincriminaram ao postar fotos nas redes sociais, mas há aqueles que, no silêncio da vergonha, receberam o benefício na frente dos profissionais da saúde, ora atuando no combate à doença, e dos idosos.
A despeito da procura, há uma discussão a ser feita numa próxima etapa: quem furou a fila deve receber a segunda dose? Há os que defendem a punição com o veto, mas, por razões imunitárias, não deve ser esse o entendimento. A questão central é cobrar do Governo federal o necessário lote de vacinas para atender a todos. Pelas redes sociais, a prefeita Margarida Salomão convida a população, que ainda não está na lista dos convidados a receber a vacina, a ir para os fóruns de protesto para exigir a imunização.
A boa notícia – ainda a confirmar – foi dada pelo secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, durante entrevista coletiva. Se não houver contratempos, e é aí que mora o perigo, até abril, todos os idosos de Minas, isto é, pessoas de 60 anos ou mais, estarão vacinados. O Ministério da Saúde, no entanto, tem que fazer a sua parte. Em números de hoje, o estoque do estado só vai até o mês de março.
Mas se há os fura-filas também há os lobbies. Vários setores estão se articulando para entrar na lista de prioridades. Ainda no ano passado, um grupo do Ministério Público chegou a se articular para passar na frente, mas a repercussão, especialmente nas redes sociais, foi tanta que a ação foi desmobilizada. Ouros segmentos tentam furar a fila, fruto, talvez, da ineficiência do próprio Governo, que não garante doses suficientes, provocando uma corrida à base do salve-se quem puder. E, quando isso ocorre, os menos protegidos acabam sendo as principais vítimas.