No dia 1º de janeiro, durante cerimônia de posse dos novos gestores – Prefeitura e Câmara -, os discursos se encontraram quando consideraram a importância de um trabalho conjunto entre as duas casas, sobretudo quando a causa for o interesse público. A prefeita Margarida Salomão e o vereador Juraci Scheffer, aliás, ambos do Partido dos Trabalhadores, podem desenvolver uma agenda importante para a cidade, a começar pela atualização das leis e de iniciativas que beneficiem o maior número de pessoas, especialmente as que continuam apartadas das políticas públicas estabelecidas nos três níveis federativos. Em Juiz de Fora, como alertou a própria prefeita, um número expressivo de pessoas está abaixo da linha de pobreza, muitos delas passando fome.
Em entrevista à Tribuna, publicada na edição de domingo, o presidente da Câmara lembrou ser necessário abrir a Casa para o povo, a fim de atender às suas demandas mais prementes. Gesto louvável, mas, como legislar e fiscalizar são as ações primárias dos edis, a criação de leis modernas e a discussão profunda de textos vencidos tornaram-se uma prioridade. Por força de uma legislação ultrapassada, várias medidas do mandato anterior tiveram dificuldades para sair do papel, e outras foram implementadas a despeito de futuros problemas que poderiam representar para a cidade. Scheffer já era vereador e conhece bem o caminho das pedras.
Chamou também a atenção a sua observação sobre a criação de leis que não sejam consideradas inócuas. Faz sentido, mas a discussão deve começar dentro da própria Casa, pois a legislatura encerrada em 31 de dezembro foi pródiga em criar normas que o seu próprio jurídico avisava serem inconstitucionais, deixando a decisão para o Executivo, com o desgaste do veto. Esse tipo de jogo não é pertinente, pois perdem todos.
Juiz de Fora, com 600 mil habitantes, mas líder de uma região com cerca de 1,5 milhão de habitantes, tem desafios importantes pela frente. Muitos temas apresentados por Juraci Scheffer já foram discutidos durante a campanha eleitoral. O seu enfrentamento, agora, tornou-se a pedra de toque para os próximos quatro anos. Tanto a prefeita quanto o presidente da Câmara, ao destacarem um trabalho conjunto, mesmo preservando a independência dos poderes, firmaram um pacto importante, pois não se trata de um olhar para dentro.
Neste espaço, a Tribuna tem destacado que Juiz de Fora tem que liderar a região, papel pouco desempenhado pelos prefeitos anteriores, mesmo advertidos de que o desenvolvimento deve ser integrado, até mesmo para enfrentar problemas regionais. A pandemia do coronavírus foi reveladora ao indicar a falta de infraestrutura da Zona da Mata, trazendo para Juiz de Fora as suas consequências.
Esta é uma causa que tanto a Prefeitura quanto a Câmara, mesmo nos seus respectivos espaços, podem e devem desenvolver. Há outros, é fato.