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Dias de angústia

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Desde o ano passado, quando os primeiros casos de coronavírus começaram a assustar o mundo, a avaliação das autoridades públicas teve como base suas ações e omissões diante do vírus, sobretudo após a Organização Mundial de Saúde elevar a contaminação para o nível de pandemia. Em Juiz de Fora, o último ano da gestão Antônio Almas (PT) teve esse viés, que ora se repete nos cem primeiros dias da administração da professora Margarida Salomão (PT). As prioridades mudaram, e a comparação desse período com os programas de Governo e discursos de campanha, embora necessária, ficou em segundo plano. Tanto os analistas quanto a própria opinião pública se baseiam, principalmente, nas políticas de enfrentamento à pandemia.

Por isso discutir os cem primeiros dias de gestão tornou-se uma ação controversa, pois os municípios e os dirigentes empossados ou reempossados em 1º de janeiro deste ano têm um objetivo comum: derrotar a vírus, mas sem abrir mãos dos projetos de gestão. Conciliar tais metas é um desafio que precisa de respaldo do Estado, da União e do próprio Congresso, pois é de lá e das assembleias que vêm as verbas oriundas de emendas parlamentares.

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Em recente encontro com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, dirigentes da Frente Nacional de Prefeitos pediram empenho do Parlamento para liberar mais recursos para os municípios. Afinal, a despeito dos embates entre o Governo federal e os estados, a conta inicial fica por conta de prefeitos e prefeitas, na linha de frente das demandas da população.

Em Juiz de Fora, o processo de vacinação, a principal ferramenta de combate ao coronavírus, está adiantado se comparado com outros municípios e com o próprio Estado, mas, como nos demais entes federados, há o drama do fluxo de doses. Reduzir a faixa etária é o propósito, mas fazê-lo sem garantias de novos lotes é temerário. Por isso a cidade fechou a semana na faixa de 65 anos.

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Com o novo perfil da contaminação, que agora alcança especialmente os jovens, concluir o ciclo da terceira idade e dos demais grupos prioritários é uma necessidade premente, pois só a partir daí será possível estabelecer novas discussões, inclusive em torno do financiamento privado para a aquisição de vacinas. Hoje essa agenda é problemática, pois ampliaria o fosso social que já é grande no país.

O primeiro ano dos novos gestores renova os desafios das administrações pretéritas, por significar a continuidade da luta contra a pandemia, que deve conciliar ciência e economia. O grave desse processo é a politização do debate, dado totalmente inoportuno num momento em que o país continua com curva ascendente e com um número assustador de vítimas fatais.

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