O senador Rodrigo Pacheco (PSD) anunciou na quarta-feira o que todo mundo já suspeitava: não será candidato à Presidência da República, preferindo dedicar-se às muitas causas que passarão pelo Senado, casa que dirige desde o ano passado. É bem verdade que em momento algum falou que era candidato, mas deixou os rumores caminharem sem que fizesse qualquer objeção. Coisas da política, dizem os especialistas.
Com o presidente do Congresso fora do processo sucessório, a chamada terceira via começa a se afunilar, embora nenhum dos nomes tenha, ainda, chegado à casa dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Os números mostram, sim, convergência cada vez maior entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Ambos estão mais perto nas avaliações dos institutos, enquanto os demais não crescem.
É fato que em política tudo muda de uma hora para outra, sobretudo ante as discussões que envolvem não só trocas de partido, mas também alianças por meio das federações, mas o tempo é inclemente quando os postulantes ficam estacionados em determinado patamar sem qualquer sinal de reação. Março já se aproxima de sua metade, e o tempo fica cada vez mais curto para mobilização nas ruas.
Ademais, a chamada terceira via não dá qualquer sinal de unidade. Ao contrário, não há indicativo de qualquer interlocução entre seus atores, com cada um procurando seu espaço, sem perspectiva de unidade. Pode ser que, fechado o período de acordos, algum passo seja dado, mas pode ser tarde demais para mexer no topo das pesquisas.
Outro fator em discussão são os acordos estaduais. Boa parte dos candidatos a governador e ao Senado tem pautado suas articulações em torno do presidente e do ex-presidente, como é o caso de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, a despeito de manter uma distância regular do Planalto, é um nome mais próximo do presidente Bolsonaro, enquanto o prefeito Alexandre Kalil já conversou e voltará a conversar com o ex-presidente Lula para definir sua aliança. Lula, aliás, condicionou sua visita a Minas à formatação da sucessão estadual.
Outros estados-chave também trabalham na mesma perspectiva. Na Bahia, o senador Jacques Vagner, do Partido dos Trabalhadores, ao desistir de disputar o Governo, criou um problema interno, pois não há consenso em torno da disputa estadual. Quem se aproveita disso não é ninguém da terceira via, e sim o candidato ao Governo pelo DEM, ACM Neto, que já avisou não querer nenhum presidenciável em seu palanque. Pura estratégia para capitalizar votos de todas as frentes.
Os pré-candidatos, a despeito de darem prioridade aos acordos ora em curso, ainda não presentearam os eleitores com seus projetos de governo. Salvo pequenas pílulas tiradas em entrevistas. Por enquanto, o eleitor atua em torno de nomes e do que fazem ou fizeram os principais atores. Afora isso, só especulações.