A imagem de Margaret Keenan, 90 anos, recebendo oficialmente a primeira dose da vacina contra a Covid-19 ganhou o mundo e promete ficar para a História. Desde que o primeiro caso da doença foi notificado em Wuhan, na China, no final de 2019, até sua rápida disseminação por todos os continentes, laboratórios e cientistas lutam para descobrir uma vacina contra o novo coronavírus. A letalidade do vírus Sars-CoV-2 varia entre 0,5% e 1% dos casos, mas sua elevada taxa de contágio resultou em mais de 1,56 milhão de mortes até agora. Uma pandemia que estrangulou não só o sistema de saúde dos países, mas fez também a economia mundial praticamente parar. Sem a vacina, as únicas formas de prevenção defendidas por especialistas são o isolamento social, o uso de máscaras e a higienização frequente das mãos.
Em Juiz de Fora, no início da pandemia, em março, como em muitas outras cidades brasileiras, o procedimento foi fechar tudo. Escolas, shoppings, comércio, restaurantes, bares, academias de ginástica e templos religiosos, nada escapou às medidas restritivas. Só serviços essenciais se mantiveram funcionando. Além de evitar a propagação do vírus, a estratégia visava a dar tempo para que a rede hospitalar pudesse montar uma infraestrutura de atendimento aos doentes. Foram medidas complexas e onerosas, que encontraram reações contrárias em diversos segmentos do setor produtivo. Por outro lado, foram amplamente apoiadas por infectologistas, temerosos com a propagação geométrica do coronavírus. O que aconteceu aqui não foi diferente do que se viu no resto do país.
Aos poucos, mesmo sem que os números locais dessem sinais de arrefecimento da doença, o município, ancorado no programa Minas Consciente, foi migrando para regras mais flexíveis, afrouxando o isolamento social. Era necessário evitar o estrangulamento total da economia juiz-forana, estando o setor de saúde mais preparado. A consequência, como já previam os infectologistas, é que, mesmo sem sair da chamada primeira onda, Juiz de Fora voltou a registrar aumento do número de casos de transmissão, atingindo os piores índices de ocupação de leitos de UTI e de mortes por Covid-19 agora em novembro. É um cenário preocupante, considerando que já são oito meses de isolamento na cidade, tendo grande parte da população relaxado nas medidas de prevenção.
No Reino Unido, onde a vacinação já começou, juiz-foranos que moram na Inglaterra falaram à Tribuna sobre a expectativa de receber a vacina. O empresário Eduardo Caetano dá a dimensão do entusiasmo de todos com a expectativa de receber a imunização: “A população está de braços abertos para tomar a vacina”. A ansiedade para receber a primeira dose é grande. Lá, como aqui, a pandemia causou impactos dramáticos na economia, principalmente no setor de turismo, conforme conta a escritora e professora Nara Vidal, lembrando que muita gente perdeu o emprego. Agora, depois de tanta espera, a vacina finalmente veio para trazer esperança a todos. Por isso, aquela imagem de Margaret Keenan recebendo a primeira dose promete ficar no imaginário da população por muito tempo.