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Autonomia do BC

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No início de seu segundo mês à frente do Governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma jornada de desgaste do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta das taxas de juros, que, no seu entendimento, estariam deliberadamente sendo praticadas pela instituição. O Banco Central, hoje, tem autonomia e não se submete diretamente às orientações do Governo, colocando-se como um organismo de Estado.

Não é de hoje que Lula é contra esse projeto, e suas críticas às taxas de juros são frutos de uma estratégia de desgaste, mesmo sabendo que elas são adotadas não por conta de desejo do presidente do BC ou de seu comitê, mas resultado da inflação que é uma realidade no país. Enquanto esta estiver alta, o banco, certamente, terá que adotar uma política de juros mais elevada para evitar o descontrole das contas.

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No seu primeiro mandato, o presidente da República tinha no seu vice, José Alencar, um porta-voz de suas indignações, mas, em momento algum, colocou em xeque a gestão do então presidente do banco, Henrique Meirelles, mesmo diante de reiteradas broncas. Hoje, na iniciativa privada, Meirelles diz entender o discurso do presidente.

Por sua vez, não é essa a leitura do mercado. Quando faz duros questionamentos ao Banco Central, o presidente estaria desgastando uma importante instituição de controle da economia, o que não é bom para ninguém, sobretudo para um Governo que assumiu o discurso de fazer tudo ao contrário do antecessor. O ex-presidente Jair Bolsonaro também criticava o BC sistematicamente por não seguir – e não precisava – suas orientações.

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Na tarde de quarta-feira, Lula reagiu aos críticos e disse que foi eleito pela maioria dos brasileiros e não tem que dar satisfações ao mercado após ter recebido o respaldo das urnas. Mas não é bem assim. A despeito da procuração das ruas, um de seus principais compromissos é estabelecer um projeto sólido, no qual os principais atores tenham a garantia de que não haverá sobressaltos na economia. O pior dos mundos é a insegurança jurídica, que foi um dos principais problemas de gestões que ousaram descumprir regras básicas da economia.

Os desafios da nova gestão são abissais em diversas frentes, mas a economia tem especial papel nesse processo, por ser uma das principais instâncias do Governo. Nos dois mandatos consecutivos, inaugurados em 2002, Lula teve a chance de fazer mudanças importantes, garantindo acesso dos segmentos mais carentes a bens de consumo até então restritos a uma parcela da classe média e do andar de cima.

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O perfil dos aeroportos e hotéis mudou, e esse foi um dos seus principais legados.

Mas o mundo mudou, e a economia tem sido um desafio até mesmo no primeiro mundo, que enfrenta dificuldades que repercutem em outras economias. Num cenário globalizado, o Brasil precisa voltar a ser player, mas tem, necessariamente, que consolidar algumas questões. E a economia é uma delas.

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