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Fala, mas não faz

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Uma pesquisa do Ibope, a pedido do jornal O Globo, indicou que 83% dos brasileiros concordam que as pessoas têm o dever de respeitar os protocolos de segurança para a contenção da Covid-19, como uso de máscaras faciais em locais públicos. Desse total, 72% disseram que concordam totalmente com a afirmação, e 11%, parcialmente.

Os números contrastam com o que se viu durante o feriadão de 7 de setembro. Desde sábado, debaixo de um céu de brigadeiro, as praias do vasto litoral brasileiro ficaram lotadas, a despeito de sua ocupação estar permitida apenas para caminhadas e acesso às águas para o banho de mar. Mais do que isso, a maioria estava sem máscara, formando um caldo perfeito para a contaminação.

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Diante de tal situação, há o risco de ocorrer o mesmo que ora é visto em algumas cidades da Europa, nas quais o verão provocou um êxodo para os pontos turísticos e, como consequência, aumento dos índices de proliferação. Cidades como Madri, na Espanha, estão revendo seus conceitos e podem recuar algumas posições nas políticas de flexibilização.

O comportamento coletivo impressiona por conta desse paradoxo. A maioria apoia as restrições, mas o cumprimento das normas não segue a mesma proporção. O mundo, e não apenas o Brasil, está se comportando como se a pandemia tivesse acabado e as vacinas já aplicadas.

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Nem uma coisa, nem outra. As vacinas estão, de fato, na fase final, e os testes são otimistas, mas ainda não há aplicação em massa. A imunização de rebanho também não aconteceu ainda. Por sua vez, o vírus continua em crescimento em vários pontos, a despeito de os números nacionais de óbito terem caído nos últimos dias.

A luta contra a pandemia é um processo coletivo, indo além das instâncias governamentais, que durante todo esse tempo andaram em descompasso. É uma luta coletiva, na qual a população tem papel relevante. O mesmo Ibope, na semana passada, indicou que as ações do presidente Jair Bolsonaro e o comportamento da população foram as causas principais para amplificação da doença, numa clara constatação de que ainda há um caminho a ser trilhado.

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É fato que a vida deve continuar, mas o novo normal, por si só, indica que a vida deve seguir sob determinadas condições. Evitar aglomerações e usar máscara são rotinas que ainda vão perdurar por muito tempo, a fim de garantir que outras ações sejam implementadas. Se todos cumprirem o seu papel, será possível um cenário controlado.

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