Na entrevista concedida na manhã desta quinta-feira, para anunciar novas medidas de combate à pandemia e traçar o cenário da contaminação, o governador Romeu Zema advertiu que a falta de sedativos pode levar pacientes intubados a despertar, o que seria algo grave para a sua própria saúde. Ele cobrou novos insumos e não escondeu sua preocupação com os números de contaminados no estado. Minas, que na primeira fase estava no fim da fila da pandemia, encontra-se numa situação crítica, no topo da lista dos casos. Para minimizar os riscos, o Governo faz remanejamentos e tenta medicamentos no exterior, mas não está obtendo êxito nessa possível importação.
O governador, que no início tinha uma postura neutra, embora não esteja nos extremos do debate nacional, tem se mostrado cada vez mais preocupado, não poupando crítica às instâncias de poder. O Governo federal, no seu entendimento, demorou a entrar no processo, tendo subestimado a periculosidade do coronavírus, mas admitiu que vários prefeitos também evitaram medidas mais duras nos momentos mais agudos da pandemia. Os resultados, agora, estão aí, com parte do estado sob a onda roxa, ora estendida até o dia 17 de abril.
Romeu Zema lembrou, porém, que o Brasil não é um caso único de gestão precária da contaminação. “Temos assistido também, inclusive em países desenvolvidos que têm todos os recursos financeiros que nos faltam, a toda uma estrutura burocrática eficiente, onde a taxa de óbito foi maior que no Brasil. Culpar é muito fácil, dar a solução é que é difícil. Países que realmente foram bem na pandemia são raríssimos.”
Entre prós e contras, há muito a ser feito para reverter a curva de contaminação. Para tanto, acelerar o processo de vacinação é a principal medida, a fim de alcançar outras faixas etárias. Como não há um processo unificado de gestão, resultado dos enfrentamentos políticos que se misturaram com a pandemia, há discrepâncias entre os entes federados, mas todos, de certa forma, estão atrasados.
Como o governador bem lembrou, no chamado primeiro mundo, também há problemas, mas é preciso focar a questão interna em vez de se prender a comparações. É fato que o coronavírus pegou o mundo de surpresa, mas, defendendo a demanda nacional, é fundamental incrementar o processo de imunização, pois somente com 70% da população vacinada será possível falar em imunização de rebanho. Pelos números atuais, o país está bem longe disso.