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Fora dos gramados

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A um mês de começar a sua principal competição nacional, o futebol brasileiro encontra-se diante de uma grave questão: como enfrentar a violência no entorno dos estádios e nas cidades-sede de partidas? No mês passado, um ônibus do time do Bahia, já chegando ao Estádio da Fonte Nova, foi atacado com bombas por pessoas que se diziam torcedores do próprio clube. Entre os feridos, o goleiro do time quase perdeu a vista. Ele ainda está se recuperando fisicamente, mas a cabeça ainda registra os episódios que quase lhe tiraram do futebol. Dias depois, o ataque foi a um ônibus do Grêmio, quando a equipe se dirigia para o clássico contra o Internacional, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre. As duas equipes, de comum acordo, não entraram em campo.

No último domingo, em Belo Horizonte, horas antes do jogo entre Cruzeiro e Atlético, torcedores dos dois clubes se enfrentaram num bairro da capital para medir suas diferenças. O confronto tinha sido marcado pelas redes sociais. O resultado foi um morto e vários feridos. Em todos esses episódios, os responsáveis ainda não foram chamados a prestar contas à Justiça, o que é lamentável, pois, quando o Estado se omite, esses personagens se sentem, de certa forma, autorizados a delinquir de novo.

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A CBF, em reunião de emergência com os clubes, decidiu realizar uma série de seminários e campanhas para conscientizar os torcedores, mas não avançou no ponto mais grave que envolve punição aos responsáveis, cuja competência primária é do Ministério Público. Mas poderia ter ido além com os cartolas, que vira e mexe são patrocinadores dos grupos que se dizem torcedores ou permitem que tais personagens invadam os centros de treinamento para ameaçar jogadores e comissões técnicas.

O futebol, esporte de grande mobilização, passa por um momento crítico nas Américas. No México, dezenas de pessoas se enfrentaram após uma partida entre Querétaro e Atlas. Os jogadores continuam sendo ameaçados. No Uruguai, os árbitros também estão sendo ameaçados por máfias. Estes, porém, reagiram e só voltarão ao trabalho se algum tipo de providência for tomada.

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Num ano de Copa do Mundo, cenários como esse são preocupantes, pois acabam refletindo no desempenho dos próprios atletas. Todos são pais de família e têm no futebol a sua profissão. Exercê-la num clima de insegurança é o pior dos mundos.

As poucas ações foram incapazes de minimizar os danos, como jogos de uma torcida só, que não resolvem o problema. Na Inglaterra, durante anos, os holligans, grupo de torcedores que exerciam o direito à violência dentro e fora dos estádios, foram banidos do futebol. Hoje, as partidas ocorrem sem os aramados que separam os atletas da torcida. Nem por isso há violência. Portanto é possível resolver, desde que haja vontade coletiva de enfrentar a questão.

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