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Debate paralelo

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O país continua batendo a média diária de casos de Covid-19, levando os governantes a tomar decisões drásticas, como em Juiz de Fora, onde desde segunda-feira está vigendo um lockdown. A decisão mudou a rotina da cidade, uma vez que, salvo os serviços essenciais, os demais estão impedidos de funcionar até o próximo fim de semana, salvo decisão em contrário. O decreto provocou protesto, mas também adesões. A questão a discutir, porém, é a fiscalização, pois não basta que os agentes do município estejam nas ruas se a população não fizer a sua parte, mantendo-se em isolamento e denunciando os que descumprem as normas definidas pelos protocolos sanitários.

Essa discussão poderia ocupar toda a semana, por conta de sua importância. O país está na fase mais aguda da contaminação, e ainda há os que negam as consequências da doença que já matou mais de 250 mil pessoas em apenas um ano, fazendo do Brasil um dos recordistas, atrás apenas dos Estados Unidos, e com perspectivas sombrias.

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Mas, nesta segunda-feira, uma decisão do ministro do STF Edson Fachin jogou os holofotes em cima de um tema que deveria estar reservado para 2022. Em decisão monocrática, que ainda carecerá de avaliação em plenário, ele anulou todas as condenações do ex-presidente Lula proferidas pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato, encabeçada pelo então juiz Sérgio Moro. A votação em plenário ainda não tem data marcada, e isso só ocorrerá se o Ministério Público Federal recorrer da decisão, o que já está em curso.

Pela decisão, o ex-presidente estaria desimpedido de disputar a eleição de 2022, fato que ainda deve percorrer um longo caminho, não só por conta da Corte, mas também pelo comportamento dos eventuais aliados ou adversários. Por mera coincidência, o ex-ministro Ciro Gomes, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do site UOL, foi enfático ao abordar uma eventual candidatura de Lula: “Não contem comigo para esse circo”. Ele repetiu todas as críticas ao ex-presidente, a quem classifica de interessado apenas em seu próprio projeto político, deixando o país em outro plano. Ciro sabe das consequências, como a volta da polarização que beneficiou o PT e o presidente Jair Bolsonaro. O centro fica fora do jogo.

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No entanto a discussão sobre as eleições de 2022 não ajuda em nada o debate que deve continuar sendo feito em torno da pandemia. A mudança da agenda é um contrassenso, sobretudo por beneficiar apenas alguns atores em detrimento do próprio país. O foco deve continuar em torno da vacinação da população, que ainda é precária em vários estados a despeito do anúncio de chegada de novas doses. Com tantos casos, a imunização está aquém da necessidade, o que faz do tema uma prioridade.

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