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Fins e meios

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Já pensando nas eleições gerais do ano que vem, partidos e lideranças políticas começam a se articular não apenas no âmbito interno, mas também na busca de alianças. E é nesse contexto que algumas questões acontecem, mas não surpreendem. Em recente discurso, o ex-presidente Lula admitiu perdoar “os golpistas”, especialmente do PMDB, para tê-los como aliados, de novo, no seu eventual palanque de candidato. O jogo político não segue a mesma lógica dos relacionamentos. Em nome dos fins, esquecem-se os meios. O ex-presidente não bateu o martelo, mas há conversas em curso, embora não se saiba em que nível. Outros adversários certamente serão convidados a rever seus conceitos e a fechar com o projeto petista, e, nesse “uma mão lava a outra”, muitos também esquecerão suas diferenças.

Essa estratégia não envolve necessariamente o viés partidário. Legendas de direita, de centro ou de esquerda, especialmente no Brasil, mantêm esse processo de sístole e diástole há tempos, sobretudo a partir da Constituição de 1988, que estabeleceu o presidencialismo de coalizão. Não há presidente que governe sozinho, sendo praticamente obrigado a ter contrários no seu ministério. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, nos oitos anos de gestão tucana, com Lula e Dilma, nos mandatos do Partido dos Trabalhadores, e se repete, mais ainda, na gestão Temer, que carece de apoio a cada projeto, numa negociação constante de postos na administração.

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Mas se o PT conversa, o PSDB também se articula. Embora não saiba ainda quem será seu candidato à Presidência, o partido precisa, porém, resolver demandas internas para, só a partir daí, ir à busca de aliados. É bem provável que o impasse seja superado até meados do mês que vem, quando será eleita a nova Executiva Nacional. Se der Tasso Jereissatti, o primeiro passo será o desembarque do Governo Temer. Se vencer Marconi Perillo, a saída só vai ocorrer em fevereiro. De um jeito ou de outro, os tucanos tentam recuperar a identidade, hoje comprometida pelas relações com a gestão peemedebista e pelo envolvimento de lideranças em questões pouco republicanas.

Os demais partidos acompanham tais articulações, e o PMDB, como sempre, será o pivô das negociações. O partido, que só agora experimenta objetivamente o poder com um presidente filiado, nunca ficou fora do Planalto. Como irá se comportar desta vez é um mistério, mas quem conhece o viés profissional de seus dirigentes aposta que a legenda, a despeito de tudo, ainda vai continuar no centro do poder.

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