No interior de Minas, há um adágio que diz que “quando a esmola é demais até o santo desconfia”. Nunca foi tão atual. Com o advento da internet, pela qual os negócios transitam de forma virtual, os criminosos também se aperfeiçoaram, e os golpes, que antes tinha um determinado público como alvo, hoje são dados em todas as faixas sociais e etárias tal a sua sofisticação. Dois casos recentes estão nas páginas da Tribuna, mas fazem parte de um pacote de mazelas que tem ocupado cotidianamente o noticiário. No caso local, a Receita Federal emitiu alerta após ter recebido relatos de golpes envolvendo empréstimos. Ao mesmo tempo, aproveitou para dar orientações de como evitá-los. De acordo com o órgão, as supostas empresas de crédito condicionam a liberação do valor ao pagamento antecipado do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Para convencer a vítima a recolher taxas inexistentes para a liberação do dinheiro, os estelionatários mostram notificações e documentos de arrecadação falsos. De acordo com os relatos recebidos pela Receita, o pagamento das supostas taxas ou IOF é feito por meio de transferências via Pix para pessoas físicas.” A Receita destaca que não fornece dados para recolhimento de tributos ou taxas via transferência.
A outra ocorrência foi registrada pela Polícia Civil, que prendeu um suspeito de aplicar golpes envolvendo criptomoedas. A moeda virtual, que vive um momento de altos e baixos, tornou-se um investimento global, com negócios espalhados pelo mundo afora e que trazem consigo, também, os riscos pela ação dos estelionatários. No início do ano, agentes da polícia do Rio de Janeiro prenderam o “Faraó dos Bitcoins”, cujo prejuízo na praça passou da casa dos muitos milhões. Ele está preso, mas seu negócio não parou, o que mostra a rentabilidade e a atração que gera entre aqueles que querem lucros imediatos.
Os golpes proliferam no mundo real e na realidade digital, exigindo, portanto, atenção plena. As vítimas de estelionato – no jargão da polícia – em boa parte são pessoas que acreditam estar levando algum tipo de vantagem, o que faz delas presas fáceis, mas outros truques fazem vítimas do dia a dia, como um simples convite a ligar para um determinado número para confirmar uma compra, ou para avisar que há um pix carecendo de autorização. Em todas essas situações, a saída é avaliar com cuidado antes de dar o enter ou efetuar a ligação, pois há sempre o risco de ter o cartão clonado ou de permitir acesso às contas bancárias.
Em Juiz de Fora, ainda não há especificamente uma delegacia de crimes cibernéticos, mas, pela demanda, já é hora de o estado implementar tal projeto, especialmente nas cidades de médio porte, por acolherem demandas regionais. A tecnologia transita num território de grande fluidez, com aperfeiçoamento frequente, como ora ocorre com a implantação do 5G, já operando em Brasília e com previsão para as capitais a partir de setembro. Ao mesmo tempo em que há esses avanços, a atenção deve ser redobrada, pois ninguém está isento de cair em alguma forma de golpe. Os criminosos também fazem upgrade.